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Desaceleração do crédito limita lucro do Banco do Brasil
Expansão dos empréstimos cai de 25% para 22,5% de julho a setembro, menor ritmo desde o 3º tri do ano passado
Banco reclassifica o risco de calote dos empréstimos e mantém despesa de provisão acomodada no 3º tri
A desaceleração do crédito, realidade nas instituições privadas desde o início deste ano, chegou ao Banco do Brasil, instituição que deu início, em abril de 2012, à política do governo Dilma Rousseff de redução das taxas de juros ao consumidor.
Ontem, o Banco do Brasil anunciou lucro líquido de R$ 2,704 bilhões --0,9% abaixo dos R$ 2,728 bilhões do mesmo período de 2012.
Como ocorreu nos bancos privados, o resultado foi limitado pela nova realidade de ganhos estreitos nos empréstimos de baixo risco, desaceleração no crédito e aumento do custo de captação após o BC elevar os juros Selic.
Depois de crescer em ritmo anual de cerca de 25% até o segundo trimestre de 2013, a expansão dos empréstimos no Banco do Brasil se desacelerou para 22,5% ao ano.
É o menor ritmo anual desde os 20,5% do terceiro trimestre de 2012, pouco antes de a expansão dos financiamentos saltar para 25% durante três trimestre seguidos.
Segundo Ivan Monteiro, vice-presidente do BB, a desaceleração do crédito é fruto da demanda menor por empréstimos e do aumento da concorrência com as instituições privadas, especialmente nas linhas de menor risco, como o crédito consignado.
A expectativa do banco é que o crédito se desacelere ainda mais no quarto trimestre e no início de 2014, especialmente os financiamentos para o consumidor.
"Os bancos não criam demanda. Eles são o espelho do comportamento da sociedade", disse Monteiro.
Ele negou que o BB tenha sofrido pressão do governo para desacelerar o crédito.
O empréstimo para o consumidor pessoa física cresceu 14,1%, bastante acima dos 10% dos bancos privados, mas atrás dos 15,8% e 18,6% vistos no terceiro e no segundo trimestres deste ano.
O BB reduziu a previsão de crescimento para o segmento do intervalo de 16% a 20% ao ano para 14% a 18%.
CALOTE
O banco fez uma reavaliação geral do risco de inadimplência dos empréstimos, alegando que estava muito conservador em relação aos bancos privados e ao histórico de sua clientela. Quanto menor o risco, menor a necessidade de provisões elevadas.
Na prática, isso permitiu ao BB reduzir as despesas com provisões para R$ 3,915 bilhões, abaixo dos R$ 4,219 bilhões do segundo trimestre. Nos bancos privados, a redução das provisões permitiu manter os lucros ainda elevados no período.
Diferentemente do que ocorre nos bancos privados, que estão com os menores índices de inadimplência da história, os atrasos no BB cresceram do segundo para o terceiro trimestre --de 1,87% para 1,97%, abaixo dos 3,3% do sistema financeiro.
Para pessoa física, a inadimplência saltou de 2,4% para 2,5%, no período.
Ontem, as ações do BB caíram 5,3%, para R$ 26,60.
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folha.com/1370328