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Tradings japonesas buscam lucro além da matéria-prima

Empresas conhecidas por negociar commodities ampliam ganhos com diversificação, como a criação de atum e o financiamento de carros

DO "FINANCIAL TIMES", EM TÓQUIO

Na cidade costeira japonesa de Kushimoto, a Mitsubishi cria atuns.

A empresa costumava comprar todos os atuns que vende, pescados no Atlântico, no Mediterrâneo ou mais perto de casa. Mas, em agosto do ano passado, começou a vender atuns que ela mesma cria, de um cardume confinado que começou a desenvolver três ou quatro anos atrás.

Tentar persuadir os atacadistas de que vale a pena pagar 20% a mais por um produto plenamente sustentável não vem sendo fácil, diz Yukio Shinano, antigo diretor dessa operação. "Precisamos mudar a mentalidade deles."

Esse esforço para criar novos mercados da parte da trading Mitsubishi está sendo espelhado em outras empresas.

Por anos, as tradings eram mais conhecidas por fornecer ao país, pobre em recursos naturais, a energia e os minerais que o Japão não produz. Mas essa imagem já não procede.

Os números dos balanços mais recentes das cinco grandes tradings japonesas --Mitsubishi, Mitsui, Itochu, Sumitomo e Marubeni-- revelam que operações não relacionadas aos recursos naturais respondem por 57% dos lucros --maior proporção registrada desde a crise a financeira.

O novo mix de produtos reflete anos de investimento em áreas como comida, varejo, transporte e saúde, muitas vezes em detrimento das operações básicas do setor com carvão, gás e metais.

"A percepção prevalecente de que as tradings japoneses trabalham basicamente com commodities é um erro", diz Thanh Ha Pham, analista do grupo Jefferies. "Negócios abarcando partes diferentes da cadeia de valor viraram pilares de seu faturamento."

A virada aconteceu em parte por escolha. Depois de dois ciclos bastante violentos de commodities na década passada --e de uma queda firme dos preços desde a metade de 2011--, os executivos do setor se declaram ávidos por estabilizar preços.

Na Sumitomo, por exemplo, os lucros do terceiro trimestre no financiamento de automóveis, arrendamento mercantil de navios e na divisão de oleodutos da empresa nos EUA compensaram a volatilidade nos projetos de mineração na Bolívia, na Austrália e em Madagáscar.

Na Mitsubishi, os lucros das áreas não relacionadas a recursos naturais cresceram 59%, puxados por maquinaria e infraestrutura.

CONCORRENTES

A virada também é impulsionada pela necessidade. Nos últimos anos os clientes tradicionais das tradings --as empresas de infraestrutura do Japão-- começaram a se tornar concorrentes do setor, deixando de ser compradores de combustíveis e matérias-primas para se tornar empresas integradas de energia que produzem e vendem GNL (gás natural liquefeito).

"Se as tradings puderem encontrar pontos fracos em qualquer cadeia de valor, elas tentarão entrar", diz Akira Kimura, executivo sênior do Conselho de Comércio Externo do Japão, uma organização de lobby.

Ken Kobayashi, presidente da Mitsubishi, é notório por se irritar com o rótulo dos "recursos naturais".

"Somos como amebas", diz Kimura. "A melhor descrição para nós hoje é facilitadores onipresentes de negócios'."


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