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Vinicius Torres Freire

Ideias de oposição

Em festa tucana dos 20 anos do Plano Real, economistas sugerem mudanças radicais

"VINTE ANOS depois do Plano Real: Um Debate sobre o Futuro do Brasil" foi um evento que reuniu ontem a nata e o queijo dos economistas um dia associados ao governo tucano, ainda hoje informalmente "presididos" por FHC, o líder da cerimônia.

Difícil resumir um dia de conversa entre uma dúzia de debatedores. Em sumário de uma linha, a opinião mais comum era que a política econômica do final do governo Lula (pós-2008) e a do governo Dilma Rousseff foi algo entre desastro- sa ou passadista de modo ignaro. De modo oblíquo, houve alguns elogios à inclusão social e à redução da desigualdade.

Ouviu-se o diagnóstico geral, básico, de que a política econômica é ruim e um retrocesso, com traços de governo Geisel. Houve degradação fiscal, inflação alta, intervenções desastrosas nos preços, ênfase em consumo, descaso com a produtividade e com o problema dos impostos demasiados e infernalmente complexos, pouco investimento, protecionismo e subsídios a empresas grandes à custa de trabalhadores. Tal ópera termina em baixo crescimento; se durar mais, pode dar em desastre.

Debatedores da tarde foram convidados a dar "contribuições para uma nova agenda". No tempo escasso, puderam sugerir pontos "estilizados" de um programa, ideias para dar conta de problemas críticos.

Edmar Bacha sugeriu mudanças que comecem por "tocar no nervo" dos mais expostos hoje, o Brasil caríssimo. Seria bom dar um jeito na carga tributária alta demais, mas tão cedo a coisa não vai por aí. Pelo menos deveria ser prioridade do próximo governo dar um jeito na complexidade infernal e custosa dos impostos.

A seguir, seria necessário um plano para integrar o Brasil ao comércio internacional. O Brasil é um dos países mais fechados do mundo. Sem mais exportação e importação, não será capaz de sair da estagnação, da armadilha de baixo crescimento dos países de renda média, de baixar custos. Sem comércio, as empresas não terão escala, acesso a tecnologia de ponta nem incentivo econômico para aumentar a produtividade.

José Roberto Mendonça de Barros foi na mesma direção. Enfatizou a desconexão brasileira das cadeias de comércio e de inovação mundiais. Desancou o protecionismo e políticas que dão prioridade à indústria, ultrapassadas por não entender as novas conexões entre atividade industrial, agricultura e serviços.

Para Pérsio Arida, o país precisa de um "projeto deliberadamente liberal". Sugere praticamente dar cabo do BNDES de hoje, dedicado a subsidiar grandes empresas (menor, teria de ser restrito a remediar falhas de mercado). Sugere ainda dar cabo de mecanismos de poupança forçada, como o FGTS, que é autoritário e rende pouco. Pede reforma nos tributos de modo a fazer com que o cidadão saiba o quanto paga; a dar um jeito nos impostos indiretos e outros tantos que causam distorção econômica grave. Recomenda submeter a burocracia do Estado a medidas de eficiência e prêmios para bom desempenho.

Num resumo sumário assim, parece uma receita de bolo "neoliberal". Não foi bem assim. O debate muita vez tratou de problemas que qualquer governo, "liberal" ou "desenvolvimentista", terá de tirar da geladeira da inépcia e do descaso.

vinit@uol.com.br


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