Saltar para o conteúdo principal Saltar para o menu
 
 

Lista de textos do jornal de hoje Navegue por editoria

Mercado

  • Tamanho da Letra  
  • Comunicar Erros  
  • Imprimir  

Vinicius Torres Freire

Dilma 2, o visível e o invisível

Oposição está animada demais com erros sérios do governo, mas 'invisíveis' no cotidiano

HÁ NA OPOSIÇÃO muita gente assanhada com as tantas chances de espinafrar Dilma Rousseff, dadas as tantas bobagens cometidas pelo governo, vide o caso da escassez de eletricidade, mas não apenas.

Ignore-se por ora o mau gosto e o espírito de porco que é se animar com um desastre econômico e social do tamanho de um racionamento de energia. Desconsidere-se também o despropósito que seria um tucano, por exemplo, fazer picuinha de uma ameaça de falta de luz, pois o partido tem a ficha suja de um racionamento horroroso de fato, em 2001.

Mais importante é perguntar: 1) Apesar dos fracassos evidentes do governo, a picuinha vai colar na massa do eleitorado?; 2) Vai ser assim que a oposição vai conversar com o eleitorado a respeito do futuro do país?; 3) Não é possível dar um desconto de 10% no espírito de porco e no oportunismo, de lado a lado, governo e oposição?

Para começar, quão visíveis são os fracassos do governo, quão evidentes são no cotidiano do povo miúdo? Quão visíveis são os sucessos, mesmo aqueles apenas aparentes, pois insustentáveis?

Decerto pode-se dizer que erros do governo serão camuflados por meio daquilo que antigamente se chamava de estelionato eleitoral. Esse é o caso gritante do reajuste do preço da eletricidade e dos combustíveis, que ficou para 2015.

Parece um escândalo para qualquer observador ponderado de assuntos públicos, mas quantos eleitores se inteiram de debates de assuntos públicos? Caso venham a se inteirar, quantos não atribuem ao governo o papel de controlador de preços?

Tome-se ainda o caso da inflação, que em 2014 pode ser maior que a média do triênio Dilma. Mas quão maior? Em vez de 5,9%, 6,2%? Em si mesma, essa carestia extra não faz diferença no cotidiano, a não ser que os preços de alimentos subam muito mais, o que aconteceu em 2013 e não pegou nada bem. De resto, "já está no preço", na desaprovação ao governo, o desconforto de meia década de inflação chatinha.

No entanto, desemprego baixo é muito material, embora não vá durar, nesse nível. O consumo ainda crescendo, mesmo no ritmo "mínimo" da década, uns 4% ao ano, é algo palpável. Milhões de estudantes extras em faculdades muito ruins ou no Pronatec veem a diferença na fila do emprego, no concurso público e no imaginário de suas famílias pobres.

O mesmo se pode dizer do Mais Médicos, do Minha Casa, Minha Vida, do microcrédito etc. Os sucessos do governo, mais ou menos sustentáveis, são muito visíveis.

O desarranjo das contas públicas ou o descaso quase absoluto com mudanças institucionais são problemas praticamente invisíveis.

Tudo isso, claro, é uma conversa muito velha sobre os problemas da democracia e do oportunismo político, para resumir num clichê breve um problema extenso e complicado. Não é um vício específico do PT, acrescente-se.

No entanto, a oposição sem imaginação se anima com as carniças que aparecem na estrada da eleição, e o governo e os governistas se comportam de modo entre descarado e ignorante, como se os problemas que criaram e empurram com a barriga não fossem explodir no colo deles no ano que vem, caso vençam.

vinit@uol.com.br


Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página