Saltar para o conteúdo principal Saltar para o menu
 
 

Lista de textos do jornal de hoje Navegue por editoria

Mercado

  • Tamanho da Letra  
  • Comunicar Erros  
  • Imprimir  

Análise

Gastos públicos em alta minam eficácia de ações do BC no combate à inflação

A credibilidade da meta de inflação --e, por extensão, do BC-- foi abalada por decisões tomadas no governo Dilma

GUSTAVO PATU DE BRASÍLIA

Há um ano, quando o Banco Central começou a elevar seus juros, a expectativa de inflação para os 12 meses seguintes estava em 5,5%.

Hoje, já batido o recorde de duração de um ciclo de alta de juros no regime de metas de inflação, a projeção do mercado para a alta futura dos preços é de 6,3%.

É claro que, de lá para cá, o dólar subiu e a seca encareceu os alimentos, entre outras dificuldades fora do controle do BC. Ainda assim, os resultados mostram uma política monetária espantosamente ineficaz.

Que a inflação ainda esteja acima do desejado é mais explicável --afinal, a alta dos juros pode demorar mais de um ano para esfriar o consumo e frear os preços.

Mas mesmo esse efeito retardado continua longe do radar dos analistas e investidores que formam a opinião do mercado, embora o BC já tenha subido os juros bem acima do inicialmente previsto.

Há um ano, calculava-se que as taxas seriam elevadas de 7,25% até algo entre 8,25% e 8,75% ao ano até o final do governo Dilma Rousseff. O BC chegou a 11% e pode ser obrigado a ir além.

GASTOS

Entre as possíveis explicações para o aparente enxugamento de gelo, uma candidata óbvia é a expansão contínua de gastos públicos com a qual a administração petista tenta reanimar a economia.

O atual controle de despesas é o mais frouxo desde 1999, quando foram adotadas tanto metas para a inflação como para as contas de União, Estados e municípios.

Coincidência ou não, ciclos de alta de juros mostraram feitos mais palpáveis em tempos de maior austeridade, como nas nove elevações da taxa do BC entre setembro de 2004 e maio de 2005.

CREDIBILIDADE

Mas não foi apenas a orientação da política fiscal que mudou desde então. A credibilidade da meta de inflação --e, por extensão, do BC-- foi abalada por decisões tomadas no governo Dilma.

A partir de 2011, a instituição abriu mão explicitamente de buscar um IPCA anual de 4,5%, para evitar uma freada ainda maior da economia.

Na lógica do regime de metas, se o mercado acredita que a inflação será a prometida, as empresas ajustam seus preços a essa expectativa e a tarefa do BC se torna mais fácil, num círculo virtuoso.

Em escala muito maior que a atual, a perda de credibilidade do BC nos anos FHC exigiu um choque de juros: em preparação para a estreia das metas, a taxa subiu de 39% para 45% ao ano.

Embora muito mais civilizados hoje, os juros nacionais continuam uma anomalia para os padrões mundiais --e nada indica uma queda duradoura no horizonte visível.


Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página