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Sob pressão, Petrobras leva refino ao limite

Obrigada a absorver alta de importações para não alimentar inflação, estatal já usa 96% da capacidade das usinas

Empregados apontam aumento de acidentes com política; atraso na construção de novas unidades piora quadro

O esforço da Petrobras para aumentar a produção de combustíveis no país, a fim de evitar custo maior com importações, tem levado suas 12 refinarias ao limite.

O uso da capacidade de processar petróleo nas unidades chegou a 97% em 2013, maior índice desde 2006, ante 92% há apenas três anos.

No primeiro trimestre deste ano, a média foi de 96%.

O efeito colateral é o aumento do risco de acidentes, preocupam-se trabalhadores, que já acusam aumento no número de incidentes.

Novas refinarias --as polêmicas Abreu e Lima (PE) e Comperj (RJ), cujas obras têm sido alvo de devassa de órgãos de fiscalização por suspeita de corrupção-- entrarão em funcionamento ao fim deste ano e em 2016, respectivamente, aliviando a excessiva exigência sobre as unidades existentes.

As duas unidades deveriam estar prontas desde 2012. "Enquanto as novas refinarias não entrarem, as atuais ficam sobrecarregadas para atender o aumento da demanda", disse Antônio Luiz Menezes, ex-diretor da estatal. O consumo interno cresceu quase 5% em 2013.

Por dia, a Petrobras precisa importa 300 mil barris de combustível e vender a um preço menor do que os praticados no exterior, por determinação do governo, que teme alta na inflação.

A defasagem da gasolina é da ordem de 18%, e a do diesel, de 11%. Sem reajuste, o impacto financeiro para a empresa pode ir a R$ 4,2 bilhões neste ano, segundo o Centro Brasileiro de Infraestrutura.

Assim, produzir domesticamente o máximo possível de derivados freia maiores custos com a importação.

A prática, no entanto, tem preço. Trabalhadores afirmam ter aumentado a frequência dos incidentes como resultado do que consideram pressão para produzir mais.

"Operar nesse nível atual sempre envolve um risco maior. Paradas para manutenção são adiadas, e o risco operacional é maior", afirma Menezes.

A solução, diz, só virá com as novas refinarias. "Enquanto elas não entrarem, as atuais ficam sobrecarregadas. O refino tem de acompanhar o consumo, o que não acontece hoje em razão do atraso dessas unidades."

No início do mês, dois dias depois de a empresa divulgar o recorde de 2,2 milhões de barris processados por dia em junho, um trabalhador feriu-se em explosão na Refinaria Duque de Caxias (Reduc). A empresa disse ter ocorrido uma "falha", sem explosão.

"Tanto houve explosão que um fragmento da peça, de ferro fundido, atingiu o trabalhador, que foi afastado", disse Simão Zanardi, presidente do Sindicato dos Petroleiros na cidade.

Os trabalhadores afirmam ter ocorrido, também na Reduc, um apagão em maio que deixou a refinaria parada por 24 horas. O incidente teve impacto na produção industrial do mês, que caiu 0,6% em relação a abril, em parte por causa da "queda no refino no Estado do Rio", segundo pesquisadores do IBGE.

A Reduc registrou, segundo o Sindipetro, incêndios em janeiro, fevereiro e março; explosões em novembro e dezembro e vazamentos.

Ainda de acordo com trabalhadores, a Refinaria do Paraná registrou dois incêndios em seis meses, em maio e novembro passados.


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