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Linhas de transmissão serão licitadas antes de usinas
DE BRASÍLIAO governo decidiu mudar sua estratégia de licitação de linhas de transmissão de energia e, em alguns casos, vai promover os leilões desses projetos antes mesmo da conclusão das concorrências para a construção das usinas geradoras correspondentes.
Segundo a EPE (Empresa de Pesquisa Energética), essa antecipação dos leilões está sendo feita em áreas do país com grande potencial para construção de usinas.
"Não é uma regra geral. Está focado na questão das eólicas, porque o grande problema que temos tido é com o atraso nas linhas transmissão desses parques", afirmou o presidente da EPE, Maurício Tolmasquim.
A mudança de estratégia foi revelada pelo jornal "O Estado de S. Paulo".
Até o momento, o governo selecionou sete projetos de transmissão que ainda não têm as respectivas usinas prontas --dois já foram licitados e cinco que devem ser ofertados ainda neste segundo semestre. Juntos, somam 4.043 km, com investimento previsto de R$ 4,1 bilhões.
De acordo com Tolmasquim, o governo adotava como regra licitar primeiro as usinas eólicas para então, ciente de suas necessidades e localização precisa, iniciar o leilão da transmissão.
Mesmo que esse processo não ocorresse simultaneamente, o objetivo era que as duas obras fossem concluídas e pudessem começar a operar ao mesmo tempo.
Entretanto, como a construção dos projetos de transmissão encontra mais entraves --principalmente na área ambiental--, essas obras sofriam recorrentes atrasos e alguns usinas eólicas acabavam fincado prontas mais cedo que as linhas.
CUSTOS
Com esse descasamento, algumas usinas ficavam prontas sem ter como escoar a energia produzida.
"Para evitar isso, nós pegamos todo o nosso banco de dados e levantamos onde há os maiores potenciais para construção de usinas eólicas", explicou Tolomasquim.
Ele reforçou que, para o consumidor, o custo de ter uma linha de transmissão sem atividade é menor do que o de ter uma usina pronta sem ter como escoar sua energia.
Nos dois casos, o consumidor paga pelo uso do empreendimento assim que a obra é entregue.
"Não se projeta um sistema para funcionar no máximo. Tanto usinas como linhas de transmissão têm de operar com folga. Esse modelo permite essa folga", afirmou.
Por enquanto, o governo planejou a realização desse modelo de leilões para linhas em oito Estados do Nordeste e no Rio Grande do Sul.