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marcha a ré
Economia do país encolhe 0,6% no 2º trimestre e indica recessão
Após revisão, dados do 1º trimestre também passaram a apontar queda no PIB de 0,2%
Desemprego que se mantém em patamares baixos e quedas não muito fortes são atenuantes da crise
Com empresários em desalento e comércio em declínio, a economia mostrou os piores resultados do governo Dilma Rousseff e sintomas de uma recessão em plena campanha eleitoral.
A produção e a renda do país --medidas pelo Produto Interno Bruto-- encolheram 0,6% no segundo trimestre do ano. Revisados, os dados do primeiro trimestre passaram a apontar queda de 0,2%.
Duas retrações consecutivas sinalizam, por uma convenção aceita internacionalmente, um quadro recessivo --ainda que não bastem para um diagnóstico definitivo.
No caso brasileiro, há atenuantes: as taxas negativas não chegam a ser expressivas, e o desemprego se mantém em patamares baixos.
Recessão ou não, os números divulgados nesta sexta (29) pelo IBGE ficaram abaixo das expectativas e apontaram que a economia não está mais apenas estagnada.
A produção da indústria caiu pelo quarto trimestre consecutivo, assim como os investimentos públicos e privados --os gastos com obras, máquinas e equipamentos destinados a ampliar a capacidade de produzir.
De toda a renda nacional, apenas 16,5% foram direcionados aos investimentos, o menor percentual desde 2006 e muito abaixo dos 25% fixados como meta oficial para assegurar um crescimento econômico duradouro.
Trata-se da evidência mais clara de pessimismo e incerteza em meio ao empresariado. Embora o emprego venha sendo, em geral, mantido, projetos para o futuro são abandonados ou adiados.
Não é difícil entender: há dúvidas sobre os desdobramentos da crise internacional, o resultado das eleições presidenciais e o futuro da política econômica --em especial quanto ao controle dos gastos públicos e da inflação.
A prostração da economia contaminou o ânimo dos consumidores, e o comércio teve queda trimestral de 2,2%, a maior desde o impacto mais agudo da turbulência global, na virada de 2008 para 2009.
A Copa do Mundo, que reduziu o número de dias úteis no período, contribuiu para a piora dos resultados. As fragilidades, porém, são anteriores --e sua superação ainda não é visível.
As projeções para o crescimento deste ano, até então em 0,7%, deverão continuar em queda. Dilma deve encerrar o mandato com uma taxa média anual de no máximo 1,7%, abaixo do desempenho dos principais emergentes.