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Saldo comercial de agosto é o pior desde 2001
Exportação contábil de plataforma de petróleo que não saiu do país garantiu superavit de US$ 1,2 bilhão no mês
Sem 'manobra' saldo ficaria negativo em US$ 864 mi desde janeiro, em vez do superavit de US$ 249 mi
A exportação artificial de uma plataforma de petróleo permitiu que a balança comercial, que mostra a diferença entre exportações e importações, ficasse positiva pela primeira vez no acumulado do ano.
Graças à operação, houve superavit de US$ 1,2 bilhão em agosto. Mesmo assim, o saldo foi o menor para o mês desde 2001, informou nesta segunda-feira (1°) o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior.
Não fosse a plataforma, as exportações superariam as importações em apenas US$ 52 milhões no mês passado e a balança comercial ficaria negativa em US$ 864 milhões no ano, em vez de superavit de US$ 249 milhões.
SEM SAIR DO PAÍS
A operação é vista com ressalvas pelo mercado, já que se trata de uma exportação contábil. A venda ao exterior é registrada, mas o equipamento não sai do país.
A empresa exportadora recorre à operação para obter vantagens fiscais.
A plataforma contabilizada em agosto foi "exportada" para a Suíça, mas será usada pela Petrobras no Brasil.
É a segunda operação do tipo no ano.
Em 2013, o saldo positivo na balança só foi possível diante da venda contábil de sete plataformas contratadas pela Petrobras, que inflaram as exportações em US$ 7,8 bilhões. Neste ano, contudo, a estatal planeja receber apenas duas, que já foram "vendidas".
A recuperação nas vendas de petróleo também ajudou no resultado do mês passado. As vendas subiram 43%, com aumento dos embarques para China, Índia e Chile.
Assim, as exportações totais ao menos empataram com as de agosto do ano passado pela média diária, mas houve redução nas vendas ao exterior para todos os principais mercados brasileiros: China, Estados Unidos, Argentina e União Europeia.
As importações mantiveram-se estáveis.
RÚSSIA
A situação mais difícil continua sendo no comércio com a Argentina, que vive uma crise econômica. Seguindo a tendência dos últimos meses, as exportações para o país vizinho caíram 33% em agosto ante o mesmo mês do ano passado.
Já as vendas para a Rússia cresceram, puxadas pelas vendas de carnes, que aumentaram quase 50% em relação a agosto de 2013.
No mês passado, o governo russo acelerou a autorização para que novas unidades de produção de frigoríficos brasileiros pudessem vender ao país após decidir suspender a compra de alimentos dos EUA e da Europa, que impuseram sanções ao país.