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Petrobras dá ajuda recorde ao Tesouro

Empresa pagou, no 1º semestre de 2014, R$ 8,73 bi em dividendos e juros sobre capital próprio --84% do lucro

Companhia também aumentou mais o pagamento para donos de ações ordinárias, como o governo

SAMANTHA LIMA DO RIO

Com o caixa pressionado por dívida, impossibilidade de reajustar combustíveis e vultosos investimentos, a Petrobras conseguiu espaço para fazer o maior pagamento a acionistas para primeiros semestres desde 2008, ao antecipar todo o desembolso previsto para o ano, ajudando mais o Tesouro na formação do superavit primário (economia para pagamento de juros da dívida pública).

A empresa pagou, no primeiro semestre de 2014, R$ 8,73 bilhões em dividendos e JCP (juros sobre capital próprio), 84% do lucro de R$ 10,4 bilhões no período, mostra levantamento da Economática obtido pela Folha.

Em 2012 todo, pagou R$ 6,2 bilhões, 29% do lucro anual de R$ 21,2 bilhões. Em 2013, pagou R$ 5,8 bilhões, 25% do lucro de R$ 23,6 bilhões.

Desses, quase R$ 2 bilhões foram destinados ao Tesouro, dono de 28% do capital da Petrobras e seu controlador, o dobro dos R$ 900 milhões do primeiro semestre de 2013.

A Petrobras só concentrou pagamento de dividendos no primeiro semestre uma vez desde 2008, no ano de 2012.

Nos demais, foi em duas parcelas.

O governo tem recorrido mais a estatais para atingir o superavit primário, cuja meta é R$ 99 bilhões neste ano.

Além disso, os donos de ações ordinárias receberam 300% mais por ação no primeiro semestre, contra 157% a mais nas ações preferenciais. O governo só tem ordinárias, 50% do total.

MOMENTO RUIM

O momento escolhido para acelerar dividendos não é dos mais confortáveis. A dívida bruta da empresa no fim do segundo trimestre estava em R$ 307 bilhões, recorde. É resultado da necessidade de financiar investimentos de US$ 44 bilhões por ano.

A empresa ainda é obrigada a absorver a defasagem dos combustíveis em relação aos preços internacionais, de -10,5% na gasolina e -6,2% no diesel. Controlador, o governo não dá aval para o reajuste desde novembro, para evitar reflexo na inflação.

Segundo a Economática, hoje a Petrobras pagaria só 9,5% da dívida com o caixa gerado por sua operação (indicador Ebit), o pior resultado de pelo menos 12 anos.

"É por isso que o mercado castiga a Petrobras", diz o professor de finanças do Ibmec-RJ Gilberto Braga.

Segundo a Economática, a média trimestral do valor de mercado na empresa --quanto valem todas as suas ações-- está abaixo de R$ 300 milhões há mais de dois anos.

A relação entre esse valor e o patrimônio líquido, que mede o quanto está valorizada, já foi de 377% em 2008. Hoje, é 80%. "O mercado não quer saber de mais dividendos. O que interessa é o futuro, e, com essas finanças, ele não parece bom", diz diz Flávio Conde, analista chefe da Gradual Investimentos.


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