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BCE vai comprar até 1 trilhão de euros em dívida

Com recuperação lenta, autoridade monetária europeia quer injetar dinheiro na economia e estimular consumo

Programa que visa evitar estagnação começa já neste mês; taxa de juros continua a pairar perto de zero

LEANDRO COLON DE LONDRES

O Banco Central Europeu começa neste mês a comprar dívidas privadas para estimular o crédito e frear os sinais de estagnação da economia.

A operação na zona do euro deve durar dois anos, anunciou nesta quinta (2) o presidente do BCE, Mario Draghi. O foco são compras de "bônus cobertos" (títulos lastreados em hipotecas) e ABS (atrelados a ativos).

Draghi disse que há uma estimativa de injetar até € 1 trilhão nessas transações, mas recebeu críticas por não especificar quais os alvos prioritários (os títulos e os países) desses recursos.

Basicamente, a transferência dessas dívidas para o balanço patrimonial do BCE aumenta a margem dos bancos para oferecer crédito a empresas e pessoas físicas --ou seja, emprestar mais dinheiro e movimentar a economia.

"As novas medidas vão apoiar segmentos de mercado específicos que desempenham papel fundamental no financiamento da economia", declarou Draghi, após reunião em Nápoles (Itália).

O órgão decidiu manter sua principal taxa de refinanciamento em 0,05%, assim como em -0,20% a de depósitos. Ambas foram reduzidas em setembro em outro movimento do banco central frente à lentidão da recuperação.

Ao interferir agora na compra de títulos, o BCE tenta também, além de baratear o crédito, acelerar a recuperação da economia do bloco, sob turbulência nos últimos seis anos, para afastar no curto prazo o risco de deflação.

A inflação ficou em 0,3% no mês de setembro, o que indica que a atividade econômica e o consumo pouco crescem. A meta é chegar pouco abaixo de 2% ao ano.

"Nossas medidas buscam o caminho através da economia para um retorno das taxas de inflação a níveis mais próximos do nosso objetivo", defendeu Draghi.

Segundo ele, as medidas, consideradas excepcionais, são unânimes dentro do conselho de governo do BCE.

O bônus coberto, comum na Europa para captação de recursos, atinge, sobretudo dívidas hipotecárias, com uma garantia: mesmo que a instituição bancária vá à falência, os títulos continuam à disposição dos investidores.

São considerado, em tese, mais seguros do que o ABS, este atrelado a ativos de empréstimos a pessoas físicas e jurídicas, como cartão de crédito e venda de veículos.

A reação do mercado e de alguns países foi de desconfiança. As bolsas europeias recuaram após o anúncio das medidas. Os alemães, por sua vez, estão céticos porque temem que o BCE tenha que bancar ativos de risco.

A economista Azad Zangana, da gestora de fundos Schroders, criticou a falta de mais detalhes sobre de quem o BC vai comprar dívidas e quanto realmente injetar.

"A mensagem é que a política monetária na Europa vai continuar frouxa por muito tempo, em contraste com a dos EUA e do Reino Unido, mercados que esperam crescimento na taxa de juros no próximo ano", disse.


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