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Análise

Juro menor gerou revolução em como lidar com o dinheiro

ANDRÉ PERFEITO ESPECIAL PARA A FOLHA

É lugar comum dizer que o Brasil é o país do futuro, e talvez por isso mesmo o futuro por aqui sempre foi tão caro.

As taxas de juros praticadas por estes trópicos nunca soaram civilizadas.

Desde o advento da caderneta de poupança por Dom Pedro 2º, o piso institucionalizado do custo do dinheiro é de 0,5% ao mês, mais de 6% anuais no país do juro composto. Isso sem risco nenhum, com a garantia ontem da Coroa e hoje do Tesouro.

Como investir num país onde o futuro virou presente e somos forçados a pedalar para não perder o equilíbrio?

As taxas de juros vêm caindo de maneira consistente nos últimos anos, seja na ponta da Selic, seja na marra do "spread" competitivo via bancos públicos.

Hoje o investimento tem que ser mais preciso -e por preciso quero dizer mais bem direcionado. Não é mais possível deixar o dinheiro render no "over" e esperar no dia seguinte que se multiplique espontaneamente.

A queda de juros tem gerado uma revolução em como lidamos com o dinheiro, e a indústria financeira está passando por uma metamorfose no Brasil.

A queda dos juros proporcionou a criação de produtos que antes eram proibitivos.

Fundos imobiliários, de direitos creditórios e em participações ganham espaço no portfólio das famílias brasileiras. O brasileiro deixou de aplicar no Brasil e começou a ter que investir no Brasil.

Os bancos e corretoras se esforçam hoje em intermediar os poupadores e os investidores de maneira mais direta, juntando as duas pontas da equação.

Finalmente isto é possível com os juros neste patamar (e veja que estamos falando de uma das maiores taxas do mundo, em termos nominais e reais).

A indústria financeira está agora cumprindo seu papel de maneira mais soberana.

Levando em conta o crescimento pífio do PIB divulgado na última sexta-feira, é bem provável que a taxa Selic fique estacionada onde está por um período suficientemente longo, como o BC gosta de dizer.

E, por suficientemente longo, deve-se entender pelo tempo que for necessário para que a sociedade se acostume com este novo patamar de juros.

Keynes dizia que o dinheiro é uma ponte entre o presente e o futuro. A imagem está correta. Para investir, agora temos que olhar para o que está no nosso presente mais imediato e para isso não há resposta simples.

Todos têm que pesquisar o que é melhor para cada situação e para isso bancos e corretoras têm que se preparar.

O futuro bate a porta. Abrir a porta não é tão simples assim.


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