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Análise

Não há sinais de o país voltar a atingir o centro da meta

MARCEL SOLIMEO ESPECIAL PARA A FOLHA

A política fiscal tem sido expansionista nos gastos e contracionista no investimento, o contrário do desejável

O fato de o Brasil manter por vários anos a meta de inflação em 4,5% já seria sinal de certa tolerância com relação ao processo inflacionário, embora se deva levar em consideração as incertezas e os riscos decorrentes da situação internacional.

O que mais preocupa, no entanto, é constatar que não estamos conseguindo atingir o centro da meta e, o que é pior, não há sinais de que isso venha a ocorrer no curto prazo.

A cada dado menos favorável da inflação, buscamos encontrar justificativas para mostrar que foram fatores pontuais que provocaram a elevação dos preços, os quais não devem se repetir nos próximos meses.

Ora é a alta dos alimentos por causa da seca, outra a alta do dólar, outra, ainda, as datas-bases e seu impacto sobre os serviços, e assim por diante.

A verdade é que não temos espaços para "acidentes", porque praticamente todos os componentes do índice de preços se acham pressionados, o que dificulta que a elevação do preço de alguns itens seja compensada pela queda de outros.

Quando se analisa a política macroeconômica em curso, não se vislumbra nenhuma ação efetiva no sentido de procurar fazer a inflação convergir para o centro da meta (que permite uma variação de dois pontos percentuais, para cima ou para baixo).

O Banco Central reduziu a taxa Selic corretamente, mas essa medida deveria ser complementada por maior rigor da política fiscal, o que não está ocorrendo.

REPRESAMENTO

A contribuição do governo não para reduzir, mas para, pelo menos, manter a inflação estabilizada em torno de 5% a 5,5% ao ano tem sido a de represar os aumentos do preço dos combustíveis, gerando distorções no presente e comprometendo o índice de preços no momento em que efetuar a correção.

A política fiscal tem sido expansionista nos gastos e contracionista nos investimentos, exatamente o contrário do que seria desejável. O câmbio "flexível" vem sendo administrado buscando o equilíbrio entre aumentar a competitividade da indústria, e não pressionar muito a inflação.

BALANÇA

Parece que a esperança de uma desaceleração da taxa de inflação está baseada em uma colaboração externa, que provoque queda do preço dos alimentos, o que, se ocorrer, poderá contribuir para a queda dos preços internos, mas afetará a balança comercial.

Não parece haver no horizonte ameaças de um descontrole da inflação no curto prazo, nem a sua convergên-

cia para o centro da meta, mas não há espaço para imprevistos.

Precisamos começar a discutir como vamos reduzir a inflação no futuro, pois não podemos continuar a acumular taxas tão elevadas como as atuais, não apenas pelos riscos de descontrole sempre presentes como pelas distorções que provoca para as empresas e mesmo para as pessoas físicas.

O maior risco, no entanto, é ressurgir a "memória" do período inflacionário e as práticas defensivas de então.


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