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Análise
Balanços mostram resultado da intervenção governamental
OTTO NOGAMI ESPECIAL PARA A FOLHAEm 2012, diante da perspectiva de a crise mundial adentrar nossa economia, o governo pressionou os bancos estatais a baixarem os juros sobre empréstimos e financiamentos, concomitantemente ao aumento da oferta de crédito, com o objetivo de incentivar o consumo diante da perspectiva de desaceleração da economia.
E, como não poderia ser diferente, essas medidas forçaram os bancos privados a seguirem os mesmos passos para não perderem participação no mercado de crédito.
Neste começo de 2013, à medida que as cinco maiores instituições financeiras no país (Banco do Brasil, CEF, Itaú Unibanco, Bradesco e Santander) começaram a divulgar seus resultados, verifica-se que os bancos estatais apresentaram lucros recordes, enquanto as instituições privadas apresentaram quedas comparativamente ao exercício anterior, à exceção do Bradesco.
Esses resultados dos bancos estatais podem aparentar que a imposição do governo foi benéfica para essas instituições.
Entretanto, quando comparamos a evolução do lucro líquido dessas instituições com a expansão de suas carteiras de crédito, e consequente aumento na participação no mercado brasileiro de crédito, verifica-se que os lucros cresceram de forma relativamente modesta.
No caso do Banco do Brasil, a carteira de crédito (sem contar com as operações no exterior) aumentou 24,9%, contra um crescimento de 0,7% no lucro líquido em 2012, enquanto a carteira da CEF cresceu 42% no mesmo período, contra um aumento no lucro líquido de 17,1%.
Combinando esses resultados com o fato de essas duas instituições terem apresentado níveis de inadimplência menores que a média do setor no país, aparentemente a conta não fecha, pois o lucro líquido deveria ter sido muito maior.