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Análise Metas Fiscais

Ano sem eleição favorece operação contábil

Novos credores internacionais têm se mostrado mais vigilantes em relação a possíveis desvios inflacionários

CARLOS PEREIRA GABRIEL BARROS ESPECIAL PARA A FOLHA

EM ANOS ELEITORAIS, TANTO INVESTIDORES INTERNACIONAIS ESTARIAM MAIS SENSÍVEIS a DESVIOS MACROECONÔMICOS COMO ELEITORES FICARIAM MAIS VIGILANTES AOS EFEITOS DOS CHOQUES FINANCEIROS

O governo Lula comportou-se de acordo com as expectativas de mercado no tocante a estabilidade macroeconômica e austeridade fiscal, fazendo um superavit primário na casa de 4% do PIB (Produto Interno Bruto), acima do que a meta de endividamento preconizava.

Já o governo Dilma Rousseff tem feito manobras contábeis (como produzir receita primária a partir de complexas operações patrimoniais e financeiras intra e inter-instituições públicas) para sinalizar a mercados e eleitores que vem cumprindo suas metas fiscais.

Entretanto, com custos crescentes de credibilidade e de transparência.

O que pode explicar tal comportamento?

Uma das possíveis respostas é oferecida pela "political austerity cycle theory", que argumenta que políticos em países em desenvolvimento tendem a não mais se comportar de forma oportunista em anos eleitorais -em contraposição à teoria do ciclo político-, mas justamente em seus interregnos.

Entre os fundamentos por trás dessa teoria, destaca-se a mudança no perfil dos credores internacionais, atualmente mais pulverizados e extremamente sensíveis a desvios inflacionários emitidos por uma política econômica expansionista, principalmente em anos eleitorais.

Do contrário, investidores podem sinalizar de forma crível que pretendem resgatar seu capital.

Essa decisão tem reflexos importantes, pois pode acarretar choques financeiros severos, com consequências indesejáveis sobre a atividade e a liquidez da economia.

Outro aspecto, relacionado ao primeiro, diz respeito à memória recente de descontrole inflacionário.

Inflação persistente não apenas desarruma a ordem econômica e social, como também pode gerar per-

das políticas e eleitorais severas, pois eleitores insatisfeitos e avessos à perda de seu poder de compra responsabilizariam diretamente o presidente pela má gerência da economia.

Ou seja, em anos eleitorais, tanto investidores internacionais estariam mais sensíveis a desvios macroeconômicos como eleitores ficariam mais vigilantes aos efeitos dos choques financeiros sobre seu poder de compra e nível de emprego.

Portanto, devem-se esperar desvios expansionistas mais frequentes em períodos não eleitorais e posturas mais responsáveis em momentos de eleição.


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