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Obra de empresa do Brasil estoura custo e prazo na Venezuela

Siderúrgica a cargo da Andrade Gutierrez era um dos mais ambiciosos projetos do governo Hugo Chávez

Empresas brasileiras não dizem preferência política, mas vitória do chavismo no domingo é vista como favorável

FLÁVIA MARREIRO ENVIADA ESPECIAL A CIUDAD PIAR (VENEZUELA)

Um dos projetos mais ambiciosos da Venezuela, a construção de uma siderúrgica que absorverá US$ 3,8 bilhões, está a cargo de uma construtora brasileira em Ciudad Piar, em Bolívar, coração da produção de minério de ferro do país.

Máquinas e homens trabalham num enorme espaço cortado por uma linha de ferro, buritis e poeira -pouco ainda edificado.

A obra, tocada pela construtora Andrade Gutierrez, foi lançada em 2009 pelo então presidente Hugo Chávez. Na época, o governo prometeu que a siderúrgica com capacidade para produzir 1,5 milhão de toneladas de aço líquido estaria operante em 36 meses.

Quatro anos depois, 25% do projeto está pronto, considerando engenharia, obras civis -a maioria complexas estruturas subterrâneas- e equipamentos. A previsão é que a operação se inicie em meados de 2015, com conclusão em 2016, de acordo com a empresa brasileira.

"Não há atraso. Está sendo tudo feito dentro do prazo, com planejamento para evitar desperdício de dinheiro e respeito às normas ambientais", disse à Folha Rubens José Lopes, o gerente-geral de construção civil. No entanto, o adiamento da inauguração prometida por Chávez é motivo de críticas na região.

No site Aporrea, utilizado por militantes chavistas, há reclamações dos sucessivos atrasos e do aumento dos custos: do US$ 1,8 bilhão orçado para os atuais US$ 3,8 bilhões. (Pouco mais de US$ 800 milhões financiados pelo BNDES).

A empresa diz que o contrato foi aditado pela inclusão de novas obras e serviços complementares.

O atraso de grandes obras de infraestrutura é comum no país, especialmente depois da crise financeira de 2008/2009, que derrubou os preços do petróleo e diminuiu o fluxo de caixa do governo.

De 2010 em diante, a prioridade do governo mudou: a maior parte dos esforços (e recursos) foram destinados à bandeira eleitoral da eleição do ano passado: o mega programa de habitação "Gran Misión Vivienda".

Trata-se, no entanto, de um cenário ao qual as empresas brasileiras, especialmente as construtoras das grandes obras em curso, estão adaptadas.

RELAÇÃO ESTRATÉGICA

A Venezuela, agora integrante do Mercosul, é um negócio que vale a pena: as necessidades de infraestrutura são enormes e serão a prioridade de qualquer governo que chegue ao poder nesta década.

Se a relação do chavismo é turbulenta com parte do capital privado, esse não é o caso do Brasil. As empresas brasileiras receberam espécie de blindagem política nos últimos anos, com os governos Lula no Brasil e Chávez na Venezuela -não houve nacionalizações de grandes companhias brasileiras.

Os empreendedores brasileiros não falam de preferência política, mas a continuidade do chavismo na eleição do próximo domingo é um panorama favorável.

A Andrade Gutierrez tem no país a maior operação fora do Brasil. Além da siderúrgica (a primeira do seu portfólio), constrói um estaleiro e uma termelétrica, pacote que soma US$ 6,6 bilhões. Desse total, US$ 1,5 bilhão são equipamentos comprados no Brasil e financiados pelo BNDES.

Só perde para sua concorrente Odebrecht, a mais antiga do mercado local, com US$ 10 bilhões em obras, entre elas a ampliação do metrô de Caracas e região metropolitana e a hidrelétrica de Tocoma.

Nenhuma delas tem data próxima de inauguração, mas a Odebrecht diz que a política de ajustar o ritmo da obra ao fluxo de verba do governo evita sobressaltos.


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