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Brasil limita acesso a senador boliviano dentro de embaixada
Roger Pinto, de oposição a Evo Morales, está asilado há 11 meses na representação brasileira na capital, La Paz
Novas regras foram implantadas para evitar atuação política do senador e mandar sinal positivo a Evo
O governo brasileiro está restringindo o acesso ao senador boliviano da oposição Roger Pinto, 52, asilado na embaixada do país em La Paz há 11 meses.
Agora, só podem ter contato com o senador seus familiares e advogados. E, se necessário, médicos.
O Itamaraty confirma que houve um "disciplinamento" das visitas ao senador há cerca de um mês. A ideia seria evitar situações que possam ser interpretadas como atividade política do senador na embaixada.
A Folha apurou que o governo brasileiro quis mandar uma mensagem "construtiva" ao presidente Evo Morales, demonstrando compromisso com a Convenção sobre Asilo Diplomático da Organização dos Estados Americanos.
A decisão ocorre no momento delicado em que 12 brasileiros seguem presos há 50 dias em Oruro, após a morte de um adolescente boliviano por um sinalizador lançado por torcedores do Corinthians em partida com o San José, em 20 de fevereiro.
Na última semana, o chanceler Antonio Patriota disse manter "contatos regulares" com o governo boliviano sobre os brasileiros.
Para Denise Pinto, filha do senador, a restrição do acesso a seu pai está ligada às mediações entre os países sobre a situação dos corintianos.
"Essa é a linha que segue Evo Morales, de pressão, de chantagem. Aqui se utiliza a Justiça para interesse próprio", disse Denise.
As novas restrições, segundo ela, começaram a valer após o encontro entre Patriota e o chanceler boliviano, David Choquehuanca, em Cochabamba, no dia 2 de março.
"O único resultado dessa visita [de Patriota] foi a restrição de visitas ao meu pai."
Nos últimos meses, o senador recebia visitas de colegas da oposição, amigos e até mesmo de pastores, para aconselhamento espiritual. Nenhum deles pode mais entrar na embaixada. Também não é permitido o acesso de jornalistas ao boliviano.
Segundo Denise, apenas ela, dois familiares e um advogado têm permissão para falar com o senador hoje. A restrição já estaria prejudicando o senador, que responde a 22 processos, entre eles por desacato, difamação, corrupção.
"Meu pai possui vários advogados, mas só um pode entrar agora. Estão negando a ele até assistência religiosa. E isso atenta totalmente contra sua saúde mental."
Como a embaixada não tem espaço aberto, o senador não toma sol há 11 meses, e, por isso, precisa tomar medicamentos para repor vitaminas.
Ele não pode deixar a embaixada enquanto o governo boliviano não conceder o salvo-conduto. Uma comissão binacional foi criada para tentar avançar na saída do senador.