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Análise

Escolha sinaliza esperança dos países na via multilateral

PABLO M. BENTES ESPECIAL PARA A FOLHA

Ufanismo à parte, a eleição do embaixador Roberto Azevêdo para o cargo de diretor-geral da Organização Mundial do Comércio é emblemática por duas razões.

Primeiro, porque foi a primeira vez em que o bloco dos países desenvolvidos não conseguiu impor a sua preferência para o comando de uma das instituições de Bretton Woods.

Como se sabe, Azevêdo não era a escolha inicial de norte-americanos e europeus, tão acostumados a jogar com as brancas no xadrez da governança global.

Segundo, porque representa um sinal claro por parte dos membros da OMC de que ainda há esperança na via multilateral para negociar reduções nas barreiras ao comércio de bens e serviços.

Se o recente ímpeto da administração Obama em lançar uma série de negociações regionais e bilaterais colocava em xeque a relevância da OMC, a eleição de Azevêdo dá uma resposta inequívoca: ninguém está pronto para jogar a toalha e abandonar completamente a Rodada Doha.

Infelizmente, as notícias boas terminam por aí.

A quantidade de problemas acumulados na caixa de entrada do embaixador Azevêdo quando ele tomar posse em setembro é enorme.

A começar pela reunião ministerial de Bali, marcada já para dezembro próximo. Atualmente, não há convergência em temas que deveriam ser relativamente pouco controversos, como a redução de entraves burocráticos ao comércio, e o tratamento preferencial para países de menor desenvolvimento relativo.

Em agricultura, a proposta para flexibilizar as disciplinas relativas ao subsídios internos de maneira a permitir programas de estocagem e segurança alimentar enfrenta grande resistência por parte dos países desenvolvidos.

A esta altura, portanto, há um risco real de que a reunião de Bali não venha a produzir nenhum resultado.

Azevêdo sabe que corre contra o tempo. Para resgatar a credibilidade da função negociadora da OMC, será necessário, no curtíssimo prazo, salvar a ministerial de Bali do iminente fracasso. Será, por si só, um feito e tanto, e já nos primeiros meses de seu mandato. Uma vez estabilizados os sinais vitais do paciente, ele poderá se dedicar a tratar das verdadeiras causas da doença degenerativa da Rodada Doha: a visão do comércio como um jogo de soma zero, e a falta de vontade política em certas capitais para confrontar interesses econômicos organizados.


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