Saltar para o conteúdo principal Saltar para o menu
 
 

Lista de textos do jornal de hoje Navegue por editoria

Mundo

  • Tamanho da Letra  
  • Comunicar Erros  
  • Imprimir  

Análise

País não ataca as causas reais da falta de produtos básicos

CHRISTOPHER GARMAN DANIEL KERNER ESPECIAL PARA A FOLHA

Nicolás Maduro ganhou a eleição venezuelana do dia 14 de abril por margem muito pequena de votos --mas a parte difícil vem agora.

O questionamento da oposição sobre a validade dos resultados das urnas, certamente, tem sido um foco de tensão política relevante.

Mas as dificuldades de Maduro têm muito mais a ver com uma iminente crise econômica, que, por sua vez, pode fatalmente se traduzir em uma profunda crise política.

Uma evidência clara disso se desenrolou nesta semana. Além da decisão de importar 50 milhões de rolos de papel higiênico, o governo da Venezuela anunciou um aumento de 20% nos preços do frango, da carne e do leite.

Essas medidas têm como objetivo combater uma séria crise de desabastecimento decorrente de uma política de nacionalizações, controle de câmbio e de preços que acabou por inibir o funcionamento do setor privado.

Superficialmente, a decisão recente de permitir que empresários reajustem preços pode ser vista como um sinal de pragmatismo, uma suposta evidência de que o governo terá atitude mais moderada com o setor privado em comparação a Chávez.

Infelizmente, a realidade é outra. Com inflação anual beirando 30%, um aumento de 20% nos preços fará pouco para atacar o real problema de desabastecimento na economia --e representa um sinal evidente de que o governo tem grandes resistências a adotar medidas econômicas impopulares.

Maduro ganhou a eleição, mas sua margem estreita de vitória somente exacerbou seu controle muito precário sobre todas as facções dentro do chavismo. Sentindo-se vulnerável perante sua base, Maduro dificilmente terá cacife político para encaminhar o ajuste econômico necessário --que certamente incluiria um corte de gastos da petroleira PDVSA, liberalização de preços e uma nova desvalorização do câmbio.

Sem essas medidas, os desequilíbrios econômicos tendem a se aprofundar e, com isso, sera uma questão de tempo até que Maduro venha a perder mais apoio popular. Nesse cenário, a capacidade de ele controlar as forças dentro do chavismo diminuirão, enquanto o ímpeto da oposição certamente aumentará.

Diante dessas dificuldades, existe uma boa chance que Maduro venha a cair na tentação de uma radicalização maior, tanto de medidas econômicas quanto políticas.


Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página