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Irã vota hoje por presidente mais 'dócil'

Após 'rebeldia' de Ahmadinejad, que não pode concorrer, líder supremo Ali Khamenei tenta tirar força do cargo

Conselho que avalia credenciais ideológicas de candidatos aprovou 6 conservadores; 4 são próximos de Khamenei

SAMY ADGHIRNI DE TEERÃ

O Irã vai às urnas hoje para escolher seu novo presidente, que deve ter perfil bastante diferente do atual ocupante do cargo, o polêmico Mahmoud Ahmadinejad.

O líder supremo, aiatolá Ali Khamenei, manobra nos últimos anos para garantir uma Presidência mais dócil à sua autoridade, segundo analistas e diplomatas em Teerã.

A estratégia se reflete na lista de nomes autorizados a disputar a eleição. O Conselho de Guardiães, órgão constitucional que avalia as credenciais ideológicas dos candidatos, aprovou seis conservadores, dos quais quatro são próximos de Khamenei.

Só dois centristas obtiveram permissão para concorrer (um deles desistiu). Se ninguém obtiver maioria absoluta, haverá segundo turno.

Sob ordens de Khamenei, o conselho vetou ainda dois candidatos de peso: o ex-presidente centrista Ali Akbar Hashemi Rafsanjani e Esfandiar Rahim Mashaee, chefe de gabinete de Ahmadinejad.

Misto de clérigo e megaempresário, Rafsanjani pretendia usar sua influência em prol de mais abertura.

Mashaee era a peça que Ahmadinejad, impedido de disputar o terceiro mandato, tentava emplacar para continuar o esforço de reduzir o poder dos clérigos. Em 2008, o assessor disse que os israelenses são "amigos" dos iranianos e listou os EUA entre "os melhores países do mundo", enfurecendo radicais.

Em 2009, Khamenei chancelou a reeleição de Ahmadinejad, em meio a suspeitas de fraude, e declarou ilegais os protestos que estremeceram o país. Mas a relação piorou de vez depois que o presidente escolheu Mashaee para vice. Khamenei vetou.

Após perder outra disputa sobre nomeações no governo, Ahmadinejad trancou-se em casa por dez dias, na primeira "greve presidencial".

O atual presidente forçou um aumento de poder do cargo, processo iniciado pelo pragmático Rafsanjani (1989-1997) e pelo reformista Mohamad Khatami (1997-2005).

Na economia, Ahmadinejad trocou subsídios a alimentação, transporte e gasolina por remessas em espécie, acirrando a inflação causada pelas sanções. No programa nuclear, pregou diálogo direto com os EUA enquanto o líder supremo rejeitava a ideia.

Khamenei chegou a aventar planos de acabar com a Presidência e substituí-la pelo cargo de primeiro-ministro.

O negociador nuclear Said Jalili é amplamente visto como predileto do líder supremo entre os seis candidatos que seguem no páreo, após duas desistências. "Jalili provou sua lealdade e não tem [clã] a promover caso vire presidente", escreveu o jornalista iraniano Mehdi Jedinia.

O líder das pesquisas, porém, é o prefeito de Teerã, Mohamad Qalibaf, visto como o conservador mais propenso a contrariar Khamenei.

Outro problema para o regime é a inesperada popularidade do centrista Hasan Rowhani. No fim da campanha, ele conseguiu cerrar fileiras oposicionistas a seu redor graças a um discurso liberal que eletrizou muita gente.

"O regime torce para Rowhani não chegar ao segundo turno, para evitar cogitar o que fazer caso isso aconteça", afirma um analista.


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