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Nobel da Paz pode ser nomeado para vice-Presidência
DO ENVIADO AO CAIROUm dos fundadores do movimento de oposição Kefaya ("basta", em árabe), embrião dos protestos que culminaram no golpe militar da semana passada, George Ishak diz que o diplomata Mohamed ElBaradei poderia liderar o Egito de maneira justa.
ElBaradei, prêmio Nobel da Paz em 2005, chegou a ser anunciado como primeiro-ministro do Egito no sábado para, em seguida, ter sua nomeação desmentida pela própria Presidência.
Ontem, um porta-voz da Presidência disse que "provavelmente" ElBaradei se tornaria vice-presidente. O cargo de primeiro-ministro ficaria com o social-democrata Ziad Baha al-Din. A confirmação deve sair hoje.
À Folha, Ishak afirmou que o impasse em torno do cargo de premiê foi criado pelo partido salafista Al-Nur, em retribuição ao fechamento de canais de televisão islamitas pelo Exército nos momentos seguintes ao golpe.
"Estamos lidando com isso. Eles querem uma garantia de que os canais permanecerão abertos. A oposição deles não tem a ver com o nome de ElBaradei."
PROTESTOS
Tanto a oposição quanto os simpatizantes do presidente deposto Mohammed Mursi organizaram, ontem, manifestações em massa pelo país.
Em Alexandria, ouviram-se tiros durante os protestos e 29 pessoas ficaram feridas ao longo do dia, segundo o Ministério da Saúde
A promotoria pública do Egito pediu a prisão de dois membros de alto escalão da Irmandade Muçulmana, de acordo com a mídia local ""Essam el-Erian e Mohamed el-Beltagy. Eles são acusados de incitar a violência contra durante os protestos.
"Está claro que há preconceito contra a Irmandade", disse Abdul Rahman El-Barr, um dos líderes da organização. "Eles não entendem o significado de democracia'."
Gehad el-Haddad, porta-voz dos islamitas, afirmou à reportagem estar frustrado com a reação internacional ""por enquanto, cautelosa em condenar os eventos políticos recentes no Egito, onde o primeiro presidente democraticamente eleito foi deposto.
"Outros países podem fazer a diferença. O apoio deles fez com que [o ex-ditador Hosni] Mubarak ficasse no poder por quase 30 anos", afirmou. "Está claro que a voz do povo só é ouvida se coincidir com os interesses internacionais", disse el-Haddad.