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Eloquente, advogada pode se tornar premiê na Espanha
Com Mariano Rajoy acuado por denúncias de caixa 2, Soraya de Santamaría ganha força no Partido Popular
Os crescentes apelos pela renúncia do premiê espanhol Mariano Rajoy, acusado de envolvimento em um escândalo de caixa dois, estão colocando em evidência uma das políticas mais jovens e poderosas da Espanha: Soraya Sáenz de Santamaría.
Aos 42 anos, a vice de Rajoy é um dos únicos membros do Partido Popular ainda imunes às denúncias de corrupção na legenda.
Eleito em 2011, Rajoy é acusado, junto de outros nomes do partido, de receber verbas não declaradas. O caixa dois, denunciado em janeiro no jornal "El País", seria fruto de doações de empresários e seria operado por Luis Bárcenas. Ex-tesoureiro do partido, ele foi preso em junho acusado de crimes como corrupção, lavagem de dinheiro e fraude fiscal.
Caso Rajoy renuncie, Santamaría é o principal nome para assumir o governo --o que já faz na prática, segundo se comenta internamente no Executivo espanhol.
Braço direito de Rajoy, a vice --mãe de um menino de um ano e meio-- acumula atualmente o cargo com os de ministra de Governo e porta-voz do Executivo espanhol.
Quando seu partido foi declarado vencedor das eleições do fim de 2011, ela havia dado à luz havia nove dias.
Assumiu o governo na retaguarda de Rajoy ainda amamentando seu único filho, fruto da relação com Iván Vallejo, advogado do Estado e consultor jurídico da Telefônica. Os dois se casaram em 2006, no Brasil, e vivem em um bairro de luxo em Madri.
Com fama de linha dura, Santamaría advoga por enxugar a administração pública, reduzir ministérios e eliminar órgãos pouco ativos ou muito deficitários.
Ontem, enquanto deputados anunciavam uma moção de censura a Rajoy, ela postava em sua página no Facebook: "Seguiremos adiante com a agenda reformista sem mudar de rumo, nem de ritmo, nem retroceder".
Embora tenha abraçado a causa do PP, Santamaría se tornou política por força de circunstâncias. Formada em direito, começou a carreira advogando para o Estado e depois passou por outros órgãos, como o Tribunal Superior de Justiça de Madri.
Com boa oratória e tida como rigorosa, foi levada para o Partido Popular, pelo qual acabou se tornando deputada e, na legislatura seguinte, porta-voz no Congresso. Lá, protagonizou calorosas discussões com socialistas.
Nas eleições de 2011, Rajoy e o PP não tiveram dúvidas em colocá-la como vice. Queriam um toque feminino e jovem, ao encontro da renovação a que se propunham.
Pouco antes, a conservadora provocara polêmica ao posar para fotos sensuais para uma revista. Nelas, apareceu no chão de um hotel com um vestido preto decotado.
