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Rebeldes criticam atitude do Brasil sobre conflito sírio
Em entrevista à Folha presidente da opositora Coalizão Nacional Síria diz que governo é influenciado por Assad
Para Ahmad al-Jarba, Brasil deveria defender democracia no país árabe; ele pede cessar-fogo por parte do regime
O líder da maior força de oposição ao regime de Bashar al-Assad na Síria cobra mudança de posicionamento do governo brasileiro em relação ao conflito que atinge o país desde 2011.
Em entrevista à Folha desde a Turquia, onde está exilado, o presidente da Coalizão Nacional Síria, Ahmad al-Jarba, diz que o governo de Dilma Rousseff deveria adotar atitude mais dura e tomar "medidas práticas", segundo ele, contra os crimes cometidos no país.
"Eu acho que o governo brasileiro deve estar sob influência da sistemática propaganda de desinformação que o regime de Assad está disseminando, ou teria desempenhado um papel mais ativo em colocar pressão sobre ele, cooperando mais para chegar a uma solução política que leve à justiça e liberdade", afirmou.
Dilma tem evitado colocar-se em um dos lados no conflito, ao contrário de EUA, França e Reino Unido, por exemplo, que pedem abertamente a queda de Assad.
A presidente condenou o uso de armas químicas no conflito, mas sem apontar culpados. Tem dito que só apoia uma intervenção militar com o aval da ONU.
Não é a primeira vez que o Brasil é criticado por rebeldes na Primavera Árabe. Na Líbia, o país resistiu até o último momento a criticar o ditador Muammar Gaddafi, morto em 2011.
Como resultado, demorou a ganhar a confiança das novas autoridades líbias.
INSUFICIENTE
Jarba argumenta que o Brasil deveria, ao menos, defender claramente um regime democrático na Síria. Assad está no poder desde 2000, quando substituiu o pai, que governara antes por 30 anos.
"O Brasil é um país democrático e o povo sírio apenas pede por democracia. Nós esperamos que o governo reconheça as aspirações do povo sírio e tome medidas práticas, usando seu peso regional e internacional para este fim."
Ele disse ainda acreditar que Dilma "mudará no futuro" de posição.
A Coalizão Nacional Síria foi criada em 2012, em meio ao conflito armado iniciado um ano antes entre rebeldes e do governo local.
Reúne as mais influentes forças de oposição, incluindo membros do Exército Livre da Síria, o principal braço armado na luta contra Assad. Nos últimos meses, no entanto, passou a sofrer a concorrência de grupos radicais islâmicos, alguns ligados à rede Al Qaeda.
O presidente da coalizão opositora diz que aceita uma discussão paz, mas argumenta que cabe a Assad um cessar-fogo, além de exigir que o regime seja responsabilizado pelos crimes cometidos.
"A bola está no campo deles. Eles podem acabar com o sofrimento do povo sírio. O que ele [Assad] está esperando para pedir um cessar-fogo? Por que não faz isso então?", disse.
"Aceitaremos uma solução que inclua uma transição em direção à democracia." Segundo o líder da oposição, o acordo para Assad entregar suas armas químicas não é suficiente.
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leandrocolon.blogfolha.uol.com.br