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Ex-apresentador de TV no Chile, economista é surpresa de eleição

Independente Franco Parisi é 3º colocado, atrás da favorita Bachelet e de candidata governista

Candidato diz querer atrair voto jovem contra elitismo da política do Chile, que escolhe novo presidente no dia 17

LÍGIA MESQUITA DE BUENOS AIRES

Terceiro colocado na corrida presidencial do Chile com 15% das intenções de voto, atrás da socialista Michelle Bachelet (35%) e da direitista Evelyn Matthei (22%), o sem-partido Franco Parisi, 46, a novidade dessa eleição, rechaça ser chamado de candidato de centro-direita.

Mas também não se define ideologicamente. "Sou um candidato complexo. Se há boas ideias na direita, nós usaremos. Se há boas ideias na esquerda, nós usaremos", afirmou à Folha por telefone, de Santiago.

Mesmo que admita se apropriar de propostas dessas duas correntes, uma das marcas da candidatura do economista é atacar a polarização política no Chile. "A quem interessa direita e esquerda? A mim não interessa", diz um de seus spots publicitários.

"Os partidos aqui têm sido apropriados por uma elite de políticos que não respeitam a necessidade de renovação. O Chile precisa de um governo de unidade nacional que não governe nem para a esquerda nem para a direita", continua ele.

Para poder concorrer à Presidência na eleição do próximo dia 17 como candidato independente, o que a legislação eleitoral permite, precisou recolher 50 mil assinaturas de apoio.

Parisi, que é também empresário, ganhou notoriedade ao virar apresentador de TV. Junto com seu irmão Antonio apresentava "Os Parisi --o Poder da Gente" em um canal pago.

A atração era focada na explicação de conceitos de economia para leigos. E também fazia denúncias de empresas que não respeitavam os direitos dos consumidores. Sua trajetória lembra um pouco a de Celso Russomanno no Brasil, que também entrou para a política após obter projeção nacional na TV.

ELITISMO E PORSCHE

Crítico das elites ("o Chile sempre foi um país dirigido pelas elites. Entre ricos e pobres, entre esquerda e direita, entre Norte e Sul"), diz que em seis anos os ricos do país dobraram seus patrimônios.

E avisa em sua campanha: "Se chegarmos ao [Palácio] La Moneda, a mensagem será clara: o poderoso vai ser menos poderoso".

Mas, para financiar sua candidatura, vendeu seu carro, pertencente à elite dos automóveis: um Porsche 911 (no Brasil, o veículo custa a partir de R$ 549 mil). "Eu tinha esse carro porque era meu sonho de infância. E trabalhei muitos anos como professor nos Estados Unidos, ganhava bem", explica.

O carro também foi usado como uma analogia pelo candidato no último debate eleitoral, há alguns dias.

Ao falar que os chilenos tinham que voltar a sonhar e ter oportunidades, declarou: "Oxalá que se um professor quiser comprar um Porsche, ele possa".

Mesmo em terceiro lugar nas sondagens, acredita que em uma semana conseguirá reverter a situação e disputar o segundo turno com Bachelet. "O que interessa é que aparecemos com 26% entre os jovens. Queremos que os jovens saiam para votar e assim poderemos estar no segundo turno", diz. No Chile, o voto não é obrigatório.

RETA FINAL

Na disputa por esse segundo lugar e um possível segundo turno, o embate entre Parisi e Evelyn Matthei aumentou nas últimas semanas, com trocas de acusações.

A candidata diz que o economista possui uma dívida trabalhista de 500 milhões de pesos chilenos (US$ 1 milhão) com professores e funcionários de dois colégios arrendados pela família Parisi. Ele reconhece que há uma dívida, mas com valor inferior.

A socióloga Kirsten Sehnbruch, professora da Universidade do Chile, diz que a boa colocação de Parisi nas pesquisas em sua primeira eleição é fruto da personalização política no país: "As pessoas estão cansadas dos partidos. E Parisi capta justamente esse fenômeno do eleitorado cansado das mesmas caras".

Segundo ela, os eleitores do economista são pessoas de direita, jovens e com recursos, "que não se importam com partidos nem com o antes ou depois da ditadura" do país. "É um voto de protesto."

Parisi rebate: "É um voto inteligente."


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