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Venezuela intervém em rede para baixar preços
Maduro instiga população a 'ocupar' lojas de eletrodomésticos em discurso na TV
Centenas de venezuelanos se reuniram anteontem à noite em frente a lojas da rede Daka, em Caracas, após o presidente Nicolás Maduro ordenar a "ocupação" da revendedora de eletrodomésticos.
A meta era reagir aos preços cobrados pela loja, dez vezes mais altos do que o governo considera normal.
"Ordenei a ocupação da rede para colocar os produtos à venda para o povo a preço justo", disse Maduro em discurso de quatro horas em cadeia nacional de rádio e TV.
Gerentes de duas lojas foram detidos. Para o jornal "El Tiempo", o discurso pôs a rede "à beira do saque".
O "El Mundo" informou que os produtos foram vendidos a "novos preços". TVs de 32 polegadas, até então oferecidas a 17 mil bolívares (R$ 6.246), passaram a custar 2.500 bolívares (R$ 914).
A agência Associated Press entrevistou uma professora que aproveitou para comprar o fogão com que sonhava --e que, nos últimos tempos, custava 16 vezes seu salário.
Em meio à crise econômica e à guerra de propaganda do governo contra a flutuação do câmbio, os preços viraram questão de Estado na Venezuela. A inflação, segundo o Banco Central do país, foi de 54,3% no ano até outubro, com os preços subindo 5,1% de setembro a outubro.
Como a Venezuela precisa importar quase todos os produtos, a desvalorização do câmbio desde o início do ano afeta fortemente a economia. Desde 2003, o governo controla a compra e venda de divisas, criando um forte mercado paralelo de dólares.
Na quinta, a Guarda Nacional do país prendeu o repórter Jim Wyss, do "Miami Herald", que cobria a crise. Ele estava em San Cristóbal, perto da fronteira com a Colômbia, aonde venezuelanos vão para burlar os rígidos controles cambiais do governo.
O governo não informou o motivo da prisão de Wyss.