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Chile escolherá presidente no segundo turno

Socialista Michelle Bachelet não consegue maioria dos votos e enfrentará Evelyn Matthei, da direita, em dezembro

Nas primeiras eleições sem voto obrigatório, país registra grande abstenção: só 6,3 mi dos 13 mi foram às urnas

LÍGIA MESQUITA ENVIADA ESPECIAL A SANTIAGO

A socialista Michelle Bachelet e Evelyn Matthei, da direita, disputarão o segundo turno para a Presidência do Chile no dia 15 de dezembro.

Nas eleições realizadas ontem, a primeira com nove postulantes ao Palácio de La Moneda, a ex-presidente Bachelet obteve 46,74% dos votos, contra 25,08% de Matthei.

Em terceiro lugar ficou Marco Enriquez-Ominami, com 10,93% --as pesquisas apontavam Franco Parisi (10,13%). Até o fechamento desta edição, já haviam sido apuradas 94,62% das urnas.

O pleito deste domingo, em que o Chile também elegeu uma nova Câmara de Deputados, 22 de 38 senadores e conselheiros regionais, foi o primeiro com o voto não obrigatório. E houve uma grande abstenção: de 13 milhões de eleitores, apenas 6,3 milhões participaram.

Nos últimos dias da campanha, a candidata da aliança de centro-esquerda Nova Maioria (ex-Concertação) vinha pedindo a seus apoiadores que lhe garantissem a vitória no primeiro turno, porque havia "muito para fazer".

Às 21h em Santiago (22h em Brasília), Bachelet subiu ao palco montado em frente ao hotel escolhido como bunker de sua coalizão, para falar aos poucos militantes que estavam na rua. "Não há uma dupla leitura: ganhamos essa eleição e com uma ampla maioria", afirmou, referindo-se à boa votação parlamentária e aos 20 pontos que a separaram de Matthei.

A ex-presidente disse que, no segundo turno, o "Chile optará por dois projetos: um é o continuísmo, o outro é a mudança".

Ela declarou ainda que os eleitores votaram ontem "por uma educação de qualidade e gratuita, pelo fim ao lucro" e por uma reforma tributária, duas das suas principais propostas de governo ao lado de uma nova Constituição.

Já Evelyn Matthei, ex-ministra do Trabalho do atual governo de Sebastián Piñera, afirmou que ganhará no segundo turno.

A candidata da coalizão de direita Aliança disse que as grandes diferenças de sua candidatura para a da esquerda, de Bachelet, aparecerão com clareza nos próximos 30 dias de campanha.

"Eles dizem que tem que derrubar tudo e construir do zero com uma nova Constituição. Nós acreditamos que conseguimos construir um país sólido que há que melhorar", declarou.

A proposta de uma reforma constitucional tem respaldo de muitos chilenos. Durante o pleito de ontem, o movimento Marca Tú Voto pediu para que os eleitores assinalassem a lápis nas cédulas a sigla AC, de assembleia constituinte.

A organização iria acompanhar a contagem dos votos para saber quantos chilenos foram favoráveis à proposta e assim pressionar o próximo governo a discutir a convocação.

David Moraga, 54, que trabalha em um teatro em Berlim, foi um dos que marcou AC. O chileno vive há 25 anos na Alemanha e viajou a Santiago para eleger pela primeira vez um presidente. Enfrentou meia hora de fila para votar em Marcel Claude, do Partido Humanista. "Vim votar em um projeto focado no cidadão, que quer acabar com essa cultura de que tudo é negócio nesse país", disse à Folha.

PROTESTO

E durante a tarde deste domingo, 30 estudantes do ensino médio tomaram o comando de campanha de Bachelet por quase quatro horas. Os jovens fecharam o portão do local e estenderam a faixa em que se lia: "A mudança não está no La Moneda, mas sim nas grandes alamedas".

"Sabemos que as mudanças virão só com a organização dos movimentos sociais", disse à Folha a líder estudantil Eloísa Gonzalez, 19.

E mandou um recado para a próxima mandatária: "Saibam que quem governar não estará tranquilo, porque o povo entendeu que é preciso ir para a rua".


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