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Contra o fortalecimento iraniano, Israel se junta a vizinhos árabes

Estado judeu faz 'casamento de conveniência' como rivais históricos, como a Arábia Saudita

Reaproximação entre Irã e Ocidente também pode reforçar tentativa diplomática de conter a guerra civil na Síria

DIOGO BERCITO DE JERUSALÉM

A vitória diplomática iraniana, com a assinatura do acordo interino para seu programa nuclear, sacudiu as potências regionais, reposicionando suas peças no tabuleiro e aproximando, assim, Israel de inesperados vizinhos como Arábia Saudita.

O repúdio ao suposto objetivo bélico de Teerã uniu o Estado israelense à monarquia saudita, dando voz aos temores não só de ameaça atômica, mas também de um novo jogo geopolítico em que o Irã, como líder xiita, avança em sua influência regional.

Os tremores foram sentidos de imediato com a comemoração da Síria, que recebeu o acordo iraniano como "histórico". O ditador sírio, Bashar al-Assad, faz parte da seita alauita, ligada ao xiismo.

A reaproximação entre Irã e Ocidente deve enfraquecer a pressão exercida na Síria e reforçar a via diplomática como preferencial para solucionar a crise que já deixou mais de 100 mil mortos no país, conforme estimativa da ONU.

Ainda não está claro se o Irã irá participar da conferência de Genebra para a paz na Síria, prevista para 22 de janeiro. Caso conste das delegações convidadas, o país persa deve ser um contraponto à pressão dos sunitas contra o regime de Assad.

"Os países sunitas se sentem ameaçados pelo Irã, então há um interesse mútuo entre eles e Israel", afirma à Folha Eyal Zisser, do departamento de Oriente Médio da Universidade de Tel Aviv.

ENTONAÇÃO

A Arábia Saudita, que criticava as negociações com o Irã, mudou de tom e recebeu o acordo interino como "passo preliminar". Mas analistas esperam que essa monarquia sunita responda com pressões sobre a Síria e a facção libanesa Hizbullah, aliados de Teerã, para manter o seu espaço na política regional.

"Os países árabes têm sido cuidadosos, porque têm de manter as boas relações", afirma Zisser. "Eles contam com Israel para os esforços públicos de conter o Irã."

Israel, por sua vez, também mudou de estratégia. Ao perceber que o acordo interino é fato consumado, o premiê Binyamin Netanyahu anunciou o envio de delegação para Washington para discutir o tratado final com o Irã.

Foi esse o tom das conversas via telefone entre Netanyahu e os líderes americano, francês e britânico. "Nós desencorajamos qualquer um no mundo, incluindo Israel, a tomar medidas que sabotem esse acordo", afirmou o chanceler britânico William Hague ao Parlamento.

A posição israelense é de interesse das potências internacionais --há anos existe o receio de que Israel tome para si a tarefa de incapacitar o programa nuclear iraniano via intervenção militar. A carta bélica, insistem políticos no país, continua no baralho.

O acordo iraniano trouxe também a preocupação de que os Estados do Golfo passem a buscar seus próprios arsenais nucleares para contrabalançar o persa, principalmente pelo argumento de que a comunidade internacional é incapaz de impedi-los em sua ambição bélica.

Há rumores de que a Arábia Saudita já tem sua estratégia traçada, com armas paquistanesas acordadas por meio do investimento no programa nuclear do Paquistão.

Além de Síria e Iraque, dos poucos aliados árabes que o Irã mantém na região, as autoridades palestinas receberam bem o acordo --segundo analistas, mais pela derrota diplomática israelense do que por haver impacto direto na Cisjordânia e em Gaza.


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