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ONU aprova intervenção militar na África
França enviará tropas para a República Centro-Africana, palco de violentos embates entre cristãos e muçulmanos
A organização Médicos Sem Fronteiras estimou em 50 os mortos nos confrontos de ontem na capital, Bangui
O Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas) aprovou ontem uma intervenção militar na República Centro-Africana, país que tem sido palco de violentos confrontos entre muçulmanos e cristãos.
Ontem, dezenas de pessoas morreram na capital Bangui após milícias católicas terem ocupado diversos bairros da cidade, entrando em confronto com forças aliadas à coalizão islâmica Seleka, que tomou o poder em março.
A organização Médicos Sem Fronteiras afirma que 50 pessoas morreram e outras 90 ficaram feridas, mas testemunhas e outros grupos de ajuda dizem que o número de mortos se aproxima de cem.
Os Seleka assumiram o controle do país após derrubarem o presidente François Bozizé, que era cristão.
Desde então, o país passa por uma série de combates liderados pela coalizão rebelde islâmica e por grupos de autodefesa das comunidades católicas.
Com a aprovação pela ONU, a intervenção será liderada pela França, que em novembro já enviou cerca de 600 militares ao país e pretende elevar esse contingente para 1.200. A União Africana, que já mantém cerca de 2.000 homens no país, também deve aumentar esse número para 3.600.
Segundo o presidente francês, François Hollande, o envio dos soldados ocorrerá "dentro de alguns dias ou até algumas horas".
Durante a madrugada de ontem, 350 militares saíram de Iaundé, em Camarões, para a fronteira centro-africana, onde ficarão de prontidão para atuar.
A medida foi aprovada por unanimidade pelos membros do Conselho. Após a reunião, o presidente francês reuniu seu gabinete de defesa para programar como será feita a ação armada.
APOIO
Pouco após o anúncio da ONU, o Reino Unido ofereceu apoio logístico às tropas francesas e africanas para ajudar na intervenção no país.
O primeiro-ministro da República Centro-Africana, Nicolas Tiangaye, comemorou a decisão e disse que a prioridade imediata era restabelecer a segurança na capital.
No entanto, ele disse que, para garantir a estabilidade no resto do país, o número de tropas não era suficiente.
A ação militar é feita em meio a críticas ao presidente francês pelo envio de tropas ao Mali, em janeiro.
A missão, que deveria ter durado seis meses, foi prolongada devido à atuação intensa de grupos radicais islâmicos no país.
O prolongamento também é visto por Paris como uma forma de conter a presença de entidades vinculadas à rede terrorista Al Qaeda, cuja influência cresce na região.