Lista de textos do jornal de hoje Navegue por editoria
Polícia ucraniana fracassa em debelar manifestantes
Após recuo das forças de segurança, presidente pede diálogo com oposição
Rivais de Yanukovich dizem, porém, que só aceitam negociar se ele deixar o cargo; EUA ameaçam impor sanções
Depois de tentar ontem, sem sucesso, desmontar a barricada dos manifestantes que pedem sua renúncia, o presidente da Ucrânia, Viktor Yanukovich, pediu diálogo aos adversários, mas não deu sinais de que pretende atender às reivindicações de romper com a Rússia.
Ontem, a polícia ucraniana tentou por duas vezes retirar os manifestantes da prefeitura de Kiev, local ocupado há duas semanas. Estes fizeram uma corrente humana em torno do prédio, e os policiais decidiram recuar.
O fracasso na operação das autoridades fez com que as barricadas derrubadas na terça fossem remontadas. Mas ao menos 11 pessoas ficaram feridas em confrontos com policiais no centro de Kiev.
A oposição reagiu com indignação à declaração do presidente e disse que só aceita negociar o fim dos protestos quando ele deixar o cargo.
O líder do partido de oposição, o campeão mundial de boxe Vitali Klitschko, considerou que a ação da madrugada de ontem fechou o caminho da negociação. "Nós planejávamos um diálogo com Yanukovich, mas entendemos que ele não quer conversar com o povo e só entende a força física", disse.
Em uma declaração divulgada pelo governo, o presidente disse que está aberto à discussão, mas desde que a oposição não busque o confronto. "Eu asseguro que o governo vai agir exclusivamente dentro da lei e nunca usará a força contra atos pacíficos", disse Yanukovich.
AMEAÇA DE SANÇÕES
Soma-se a essa tensão interna, agora, a postura do governo dos Estados Unidos em admitir aplicar sanções contra a Ucrânia caso mantenha a repressão.
"Todas as opções políticas, incluindo sanções, estão na mesa, mas obviamente que isso ainda está sendo avaliado", disse ontem Jen Psaki, porta-voz do Departamento de Estado americano.
A crise política no país coloca mais uma vez EUA e Rússia em lados opostos.
A oposição ucraniana cobra a renúncia de Yanukovich por ter se recusado a celebrar um acordo comercial com a União Europeia que colocaria o país próximo do bloco --e dos EUA.
O chefe do governo ucraniano, porém, tem sofrido pressão do presidente russo, Vladimir Putin, para não assinar a negociação com o bloco europeu. A Ucrânia depende economicamente da Rússia, principalmente por causa do fornecimento de gás.