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Análise
Grandes mineradoras de cobre temem pancada tributária depois da eleição
BENEDICT MANDER DO "FINANCIAL TIMES", EM SANTIAGOMuitos chilenos estão celebrando a vitória de Michelle Bachelet na eleição presidencial do país, mas as mineradoras de cobre, "o principal esteio da economia", estão suando frio.
O setor, que responde por um terço da produção e das reservas mundiais de cobre e por um quinto da produção econômica chilena, viu alta de 100% em seus custos de produção nos últimos cinco anos, devido às despesas salariais e de energia mais altas e à queda na qualidade do minério extraído.
E o novo governo provavelmente acrescentará impostos mais altos a esses percalços.
Bachelet, uma líder de centro-esquerda que fez da educação gratuita uma de suas principais plataformas de campanha, planeja elevar de 20% para 25% a alíquota de impostos paga pelas grandes empresas.
Além disso, o Chile talvez venha a revogar uma lei que protege o investimento estrangeiro no setor contra o pagamento de royalties mais elevados, o que pode desestimular alguns projetos.
Além de uma queda de 30% nos preços do cobre desde o pico atingido dois anos atrás e de um excedente mundial na produção de cobre, a perda de competitividade do Chile ajudou a reduzir os potenciais investimentos na mineração do país de US$ 100 bilhões para US$ 30 bilhões, de acordo o Conselho da Mineração chileno.
Dois dos maiores fantasmas do setor são os custos salariais e energia. As grandes mineradoras do país agora pagam salários semelhantes aos das empresas norte-americanas do setor, ainda que seu nível de produtividade seja 50% mais baixo.
Desde que a Argentina parou de fornecer gás natural ao Chile, em 2010, os custos da energia também dispararam. A Codelco, a estatal de mineração, será outra fonte de problemas.
Desde sua estatização, em 1976, a Codelco, reinvestiu menos de 5% de seus lucros, enquanto as companhias mineradoras do setor privado costumam reinvestir 50%.
Assim, ela tem necessidade urgente de recapitalização para concluir um programa de investimento de seis anos e US$ 25 bilhões. A empresa quer que o governo banque um terço desse investimento e que o restante seja captado no mercado internacional.