Folha de S.Paulo

China tem apenas seis imitadores oficiais do líder

O ator chinês Yang Huiming fuma um cigarro atrás do outro. O hábito foi adquirido nos últimos sete anos, desde que passou a ganhar a vida como imitador de Mao Tse-tung, que era um fumante inveterado.

"O vício faz parte do ofício", resigna-se Yang, chamando a atenção para os dedos levemente curvados que seguram o cigarro --marca registrada de Mao, diz ele.

Yang, 55, faz parte de um clube exclusivo, tanto que tem menos membros que o órgão político máximo da China: enquanto o Comitê Permanente do Partido Comunista tem sete pessoas, Yang é um dos seis imitadores oficiais de Mao Tse-tung.

"É uma enorme responsabilidade encarnar o homem mais importante da história da China", diz ele. "Meu comportamento fora dos palcos também tem que ser exemplar, porque as pessoas olham para mim e veem o Mao".

Duas vezes por dia, Yang encarna o "grande timoneiro" da Revolução Comunista num teatro estatal de Shaoshan, a cidade natal do líder comunista.

Tudo começou em 2007, quando um produtor de TV o convenceu a deixar o emprego de assistente social e usar sua semelhança física com Mao para virar ator.

Depois de dois dias pensando na proposta, decidiu aceitar o desafio e mergulhou fundo. Foi atrás do pioneiro em imitações de Mao na China, Zhong Kuyao, hoje com 85 anos, para pedir que fosse seu mentor.

Foram dois anos de estudos, que incluíram, além de aulas de interpretação, a leitura de tudo o que foi escrito por Mao e sobre ele na China. "Nunca haverá alguém como Mao, mas eu tento reviver a sua grandeza nos palcos", diz Yang.