Saltar para o conteúdo principal Saltar para o menu
 
 

Lista de textos do jornal de hoje Navegue por editoria

Mundo

  • Tamanho da Letra  
  • Comunicar Erros  
  • Imprimir  

Análise

Jogos de Inverno têm tudo para se tornar problema para líder

IGOR GIELOW DIRETOR DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Após um ano em que colecionou vitórias simbólicas contra o Ocidente, os Jogos de Inverno de Sochi têm tudo para tornar-se um problema político para o presidente da Rússia, Vladimir Putin.

A realização em si dos jogos perto das fronteiras da Tchetchênia e da Geórgia já insinuava a vontade de Putin de reafirmar seu poder.

Afinal, a república russa tchetchena é o berço do separatismo do Cáucaso. Duas guerras depois, foram enterradas as ambições territoriais dos militantes, que foram infiltrados pelo jihadismo da rede Al Qaeda e migraram para o terror puro e simples.

Já a pequena Geórgia teve seu namoro com o Ocidente, que seria consumado com a entrada na Otan (a aliança militar liderada pelos EUA), encerrado em 2008 em uma ação militar russa.

Diferentes, os casos traduzem a mensagem geopolítica inequívoca de que o Kremlin não abrirá mão de controle sobre o Cáucaso, encruzilhada europeia-asiática e rota para o escoamento do gás e do petróleo do mar Cáspio.

Realizar os Jogos de Sochi em segurança poderia coroar um 2013 que sorriu a Putin.

Ao longo do ano, com um plano tirado da manga, ele demoveu os EUA de atacar a Síria. Ganhou pontos como defensor da liberdade de expressão, não exatamente seu ponto forte, ao abrigar o delator da espionagem americana, Edward Snowden. Até perdoou desafetos presos.

Mas aí vieram os terroristas e a oportunista sugestão dos EUA de que a Rússia deveria pedir ajuda para os Jogos de Sochi --cujo boicote é pedido por entidades de direitos humanos, devido às leis russas sobre gays.

Como a maratona de Boston demonstrou, coincidentemente com o ataque de jovens originários do Cáucaso, eventos esportivos cheios de civis são alvos tentadores.

Mas dificilmente terroristas agirão em Sochi, que será isolada do mundo a partir de 7 de janeiro. Parece improvável uma reprise gelada de Munique-72, quando palestinos massacraram israelenses.

Restam assim alvos secundários, como Volgogrado, a maior cidade nas proximidades. Laterais, mas simbólicos.

Na frente da estação onde ocorreu o atentado de domingo, há uma réplica da fonte Dança das Crianças, símbolo da resiliência russa que evoca um conto de fadas do idolatrado escritor infantil Kornei Tchukovski (1882-1969).

Erguida em 1939 na então Stalingrado, ficou famosa pelas fotos de soldados nazistas passando pelo monumento praticamente intacto, imerso na destruição da batalha.

Agora, o ícone daquela vitória soviética encontrou-se com um inimigo moderno. Se ele voltar a agir, Putin terá de repetir a dura e eficaz repressão que sempre lhe angariou apoio interno, mas que pode ser má propaganda em momento de exposição mundial.


Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página