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Ex-secretário de Defesa dos EUA critica Barack Obama em livro
Presidente não acreditava nas próprias estratégias, escreve Gates
A liderança do presidente dos EUA, Barack Obama, é questionada nas memórias de seu ex-secretário de Defesa, Robert Gates. "Obama não acredita em sua própria estratégia no Afeganistão. Para ele, a guerra não é sua, ele só pensa em sair dali".
A crítica está em "Duty: Memoirs of a Secretary at War" [Dever: Memórias de um Secretário em Guerra], que será lançado na próxima semana.
Gates critica também sua então colega Hillary Clinton, que era secretária de Estado, e o vice-presidente, Joe Biden --os dois na corrida pela sucessão de Obama em 2016.
Para Gates, a Casa Branca é a "mais controladora em assuntos de segurança nacional desde Richard Nixon".
Ele descreve um encontro no qual se debatia o calendário para a retirada das tropas do Afeganistão: "Sentado lá, pensei: o presidente não confia em seu comandante, não aguenta o [presidente do Afeganistão] Karzai, nem acredita em sua própria estratégia".
Gates reclama de um "muro de Berlim construído ao redor do presidente por assessores que não entendem de mundo e segurança, só de política" e da burocracia do Pentágono.
Único republicano no gabinete do primeiro mandato de Obama, Gates ocupou o mesmo cargo sob o antecessor, George W. Bush.
Analistas diziam que a decisão de Obama de mantê-lo no cargo buscava dar um clima suprapartidário ao governo e garantir uma voz experiente em uma área na qual os democratas costumam ser acusados de despreparo.
Mas nem tudo é crítica contra Obama. Gates diz que a autorização à operação que matou Osama bin Laden no Paquistão "foi das decisões mais corajosas que um presidente já tomou na Casa Branca".
E ele também critica seu chefe anterior, dizendo que Bush "desperdiçou as vitórias iniciais no Iraque e no Afeganistão com diversos erros".
Diversos trechos do livro devem servir de munição na campanha presidencial. Sobre Biden, Gates diz que o vice "tem estado errado em todos os assuntos de política externa e de segurança nacional nos últimos 40 anos".
Ele também critica Hillary Clinton, favorita no Partido Democrata para suceder Obama. "Ela não quis aumentar as tropas no Iraque por razões eleitoreiras", escreveu.
A Casa Branca afirmou que o presidente aprecia "os pontos de vista diferentes entre seu time de segurança nacional" e defendeu o vice, dizendo que Obama "conta com seu bom aconselhamento todos os dias".