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Egito vai às urnas para referendar Carta pró-militares

Expectativa é de aprovação da Constituição, que prevê privilégios às Forças Armadas, como nomear ministros

Opositores do governo interino dizem que objetivo é fortalecer general al-Sisi, provável candidato presidencial

DIOGO BERCITO DE JERUSALÉM

Os egípcios foram ontem às urnas no primeiro dia de votação para seu referendo constitucional.

O pleito, com forte significado político, será encerrado hoje, com a expectativa de culminar com um "sim", o que daria mais legitimidade ao regime militar vigente.

O referendo foi realizado, ontem, sob o temor de violência no país, com a proteção de 200 mil policiais. Antes da abertura das urnas, houve uma explosão próxima ao Cairo, sem relatos de feridos.

Durante o dia, ao menos nove pessoas foram mortas em confrontos envolvendo islamitas e as forças de segurança do governo.

O voto à nova Constituição do país servirá de termômetro à aceitação popular em relação ao golpe militar que depôs o presidente Mohammed Mursi, em julho do ano passado, e instituiu o governo interino de Adly Mansur, apoiado pelo Exército.

Desde a deposição de Mursi, ligado à Irmandade Muçulmana, o país tem vivido meses convulsivos de violência e crise social.

A liderança islamita foi perseguida e detida, e seus simpatizantes, mortos em massacres como o da mesquita Rabia al-Adawiya, ocorrido em agosto. A Irmandade Muçulmana anunciou o boicote ao referendo.

Essa é a primeira ida da população egípcia às urnas desde a deposição de Mursi --retirado da Presidência após manifestações populares contra seu mandato, considerado demasiado conservador e também ineficaz.

Entre as exigências dos manifestantes estava a suspensão da Constituição rascunhada em 2012, sob influência islamita, e a elaboração de uma nova Carta. É esse passo que será testado, durante esta semana.

Expatriados já votaram no referendo, entre 8 e 12 de janeiro, com 103 mil votos ao redor do mundo, de acordo com o governo interino.

TEMPORÁRIO

Com o referendo, o Egito deve dar continuidade à transição democrática, anunciando suas eleições parlamentares e presidenciais. Mas será preciso, antes disso, agradar aos diversos setores sociais nesse país.

Parte deles não está satisfeita com a nova Constituição, que exige anuência do Exército para a nomeação do ministro da Defesa, por dois mandatos presidenciais, além de permitir que haja julgamentos de civis em tribunais militares.

Críticos do governo de transição afirmam que o novo texto tem como objetivo fortalecer o chefe das Forças Armadas, general Abdel-Fatah al-Sisi, visto como líder por trás do golpe de Estado, e instituir um regime semelhante ao do ex-ditador Hosni Mubarak, deposto em 2011 no início da chamada Primavera Árabe.

É esperado que Sisi vá anunciar nos próximos dias sua candidatura à Presidência do Egito.

Apesar da expectativa de que a nova Constituição seja aprovada por voto, analistas apontam que será fundamental haver uma grande participação popular nas urnas, para garantir legitimidade ao processo democrático.


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