Saltar para o conteúdo principal Saltar para o menu
 
 

Lista de textos do jornal de hoje Navegue por editoria

Mundo

  • Tamanho da Letra  
  • Comunicar Erros  
  • Imprimir  

Líder do Irã acena com 'amizade' e pedido para Ocidente investir

Rowhani agrada à maioria em Davos; Israel alerta para risco de 'palavras suaves' do iraniano

Presidente diz que país precisa de US$ 75 bi em investimentos, nos próximos 8 anos, para setor petroleiro e de gás

CLÓVIS ROSSI ENVIADO ESPECIAL A DAVOS

Com a voz e os gestos suaves de pregador que é, o presidente do Irã, Hasan Rowhani, enviou uma mensagem de "amizade, engajamento, cooperação e coexistência pacífica" ao Ocidente, ao discursar na manhã de ontem em sessão plenária do encontro anual do Fórum Econômico Mundial, em Davos (Suíça).

Poucas horas depois, no mesmo cenário, o primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, rejeitou asperamente a mensagem ao pedir ao auditório que não se comova com as "palavras suaves" do iraniano, porque seriam apenas uma roupagem nova para uma velha política, "agressiva e que participa da mortandade na Síria, ao mesmo tempo em que prega a não intervenção [em assuntos internos sírios]".

A colisão verbal entre Rowhani e Netanyahu serve de ilustração perfeita para o grande obstáculo ao engajamento com o Ocidente, que é o objetivo declarado do novo presidente iraniano.

Para o governante israelense, o Irã representa "o único motor que se opõe à existência de Israel".

Ora, os Estados Unidos jamais abandonariam seu aliado tradicional apenas para se reengajarem com Teerã, assim como a Europa (com sua consciência culpada pelo Holocausto).

Em todo o caso, Rowhani tocou música aos ouvidos dos executivos que formam o grande público de Davos ao posar de caixeiro-viajante e anunciar que, nos próximos oito anos, o Irã necessita de US$ 75 bilhões para investimentos apenas nos setores petroquímico, de petróleo e de gás, além de US$ 110 bilhões em um pacote geral.

Conversou sobre seus planos com executivos de quatro petrolíferas (Eni, British Petroleum, Shell e Total), mas não deu detalhes sobre a resposta delas.

O objetivo do Irã de Rowhani, no entanto, vai muito além do imediato. Nas conversas que manteve em Davos, Rowhani deixou claro que pretende exercer um papel mais relevante em sua conturbada região e funcionar como "ponte entre Oriente e Ocidente".

Rowhani claramente já mira além do acordo nuclear que está em fase de implementação --ele mais uma vez negou a intenção de possuir um arsenal atômico-- e da consequente eliminação das sanções que machucaram a economia iraniana.

Contou aos interlocutores que o crescimento será zero ao terminar o ano em março (pelo calendário persa), mas que espera 3% de crescimento daí até março de 2015 e invejáveis 7% ao fim de sua gestão de quatro anos, iniciada há cinco meses.

"Se as sanções forem levantadas, o crescimento será maior", disse aos executivos com que se reuniu, em convite implícito para que invistam no que o presidente considera o único país estável na região. Até à mídia internacional, que tem enfrentado dificuldades para cobrir o Irã, Rowhani disse que "as portas do país estão abertas".

Sobre a Síria, cuja ditadura é fortemente apoiada pelo Irã, inclusive com forças da Guarda Republicana, ele reiterou a conhecida posição de que não há solução militar possível e que deve haver um processo de diálogo "entre sírios", que conduza a eleições "livres e justas".

O líder iraniano foi o tempo todo não apenas suave e conciliador mas também aberto o suficiente para discutir divisões políticas internas, ao aceitar que há uma linha-dura que não tem a mesma posição que ele, para acrescentar que o que importa é que foi eleito com 13 milhões de votos a mais que o segundo colocado.

Rowhani só abandona o tom suave e conciliador para falar de Israel, a quem acusa de adotar uma política agressiva (não por acaso o mesmo termo que Netanyahu usou para se referir ao Irã), além de não cumprir resoluções da ONU, "algumas velhas de 40 anos", que supostamente poderiam resolver o problema palestino.


Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página