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Protesto na Venezuela deixa dois mortos
Estudante de comércio e membro de grupo pró-governo morreram durante confrontos ocorridos em passeata
Episódio deve aumentar tensão no país; chavista promete punição aos responsáveis pela morte de aliado do governo
Um militante chavista, ex-membro da Polícia Municipal de Caracas e um estudante de comércio morreram ontem durante enfrentamentos ocorridos em marcha realizada na capital da Venezuela, Caracas, no chamado Dia da Juventude.
O confronto eleva a tensão no país e pode gerar retaliação do governo, uma vez que o ex-policial era um líder importante do chavismo. Não foi divulgado se as outras vítimas eram governistas ou opositoras.
A passeata no centro da cidade, que reuniu milhares de pessoas, foi organizada por estudantes para reivindicar mais segurança no país. Também pediam a libertação de colegas que haviam sido presos em protestos recentes.
O presidente do Parlamento da Venezuela, o governista Diosdado Cabello, confirmou a morte do militante e atribuiu-a ao fascismo.
"O fascismo estava ali, ali no Ministério Público, e o estavam caçando, um camarada íntegro, lutador (...). Ele foi brutamente assassinado pelo fascismo", disse Cabello ao fazer o anúncio da morte durante uma cerimônia no Estado de Aragua (na região centro-norte do país).
O Ministério Público disse que o militante morto era um lutador revolucionário, que fazia parte de um grupo chavista do bairro 23 de Janeiro, um reduto tradicional do oficialismo venezuelano. A data de 23 de janeiro remete à queda da ditadura de Marcos Pérez Jiménez, em 1958.
Segundo fontes oficiais, a vítima é Juan Montoya, 40, membro do Coletivo José Leonardo Pirela do 23 de Janeiro. Ele liderava o Secretariado Revolucionário de Venezuela, que agrupa 107 coletivos na Grande Caracas, e foi acusado, em 2008, de envolvimento numa tentativa de atentado a bomba contra a Fedecámaras, entidade empresarial que participou de golpe de Estado de 2002.
De acordo com o relato do presidente da Assembleia, a morte ocorreu na zona oeste de Caracas, num local conhecido como Candelária, onde terminou a marcha convocada pelos estudantes e pela oposição.
O estudante Bassil Alejandro Dacosta morreu pouco após ser levado ao hospital José María Vargas de Cotiza, no centro da cidade.
PRÓ-GOVERNO
Em resposta à marcha antigovernista, apoiadores do governo também realizaram passeatas ontem.
O ex-policial Montoya morreu em consequência de dois disparos, um na cabeça e um no peito.
Coletivos como o que era liderado por ele são considerados controversos por se envolverem em episódios de violência e porque, para críticos do governo, são grupos armados paraestatais, "milícias" governamentais.
O chenceler venezuelano, Elías Jaua, acusou o político oposicionista Leopoldo López de ser o autor intelectual dos protestos e das mortes, por meio de sua conta no Twitter.