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Em visita, Hollande faz as pazes com EUA

Presidente da França, em Washington, deixa para trás escândalo de espionagem e fala em aumentar cooperação

No jantar oferecido por Obama, líder francês apareceu sozinho; ele se separou da mulher após traição ter sido revelada

RAUL JUSTE LORES DE WASHINGTON

O presidente francês, François Hollande, afirmou em Washington que "a confiança mútua" com os EUA foi "restaurada", deixando oficialmente para trás a crise motivada pela revelação de que milhões de cidadãos franceses estiveram sob espionagem americana.

Ele aproveitou para se encontrar ontem com representantes das maiores empresas de tecnologia do Vale do Silício, no terceiro dia de sua visita de Estado aos EUA. Lá, reuniu-se com líderes das empresas de tecnologia Google, Facebook e Twitter.

"Depois das revelações do senhor [Edward] Snowden, o presidente Obama e eu esclarecemos várias coisas e decidimos aumentar a cooperação entre os dois países", afirmou na noite de anteontem, antes do jantar de gala oferecido na Casa Branca.

"Queremos lutar contra o terrorismo, mas também temos de defender certos princípios na proteção da vida privada, dos dados pessoais", disse Hollande.

A presidente Dilma Rousseff cancelou uma similar visita de Estado a Washington no ano passado em razão do escândalo da espionagem.

A chanceler alemã Angela Merkel foi convidada por Obama a voltar à Casa Branca e já aceitou visitar os EUA ainda este ano.

Indagado pela imprensa francesa se haveria algum acordo entre EUA e França sobre o fim da espionagem, Obama disse que "não temos acordo de não-espionagem com nenhum país".

"Hollande não deu muita atenção ao caso da NSA e fez uma aposta muito pragmática em se aproximar de Obama", disse à Folha Alfredo Valladão, professor de Relações Internacionais do Instituto de Estudos Políticos de Paris (Sciences Po).

"A recuperação da economia americana é evidente e há mais pressa entre europeus em assinar um tratado de livre comércio entre EUA e Europa do que entre americanos. Após brigas com Google e Yahoo, Hollande quer se aproximar da indústria tecnológica", diz Valladão.

O presidente francês também se aproximou do americano em assuntos estratégicos e militares no norte da África e no Oriente Médio.

"Hollande tinha muita coisa na mesa em termos de cooperação com os EUA e preferiu fazer esse gesto de reaproximação", diz Michael Shifter, diretor do Diálogo Interamericano, um centro de estudos em Washington. "As prioridades e interesses de Dilma e Hollande com Obama são bem diferentes".

A visita de Estado do francês foi a primeira na Casa Branca em dois anos, depois do ano eleitoral de 2012, quando Obama buscava a reeleição (e não recebeu ninguém com tal pompa). Também foi a primeira após o cancelamento da visita de Dilma, que seria em outubro.

DESACOMPANHADO

Hollande apareceu sozinho no jantar de gala, depois da separação recente de sua mulher, causada pela descoberta de uma amante pela imprensa francesa.

Várias celebridades foram convidadas ao evento, do humorista e apresentador de TV Stephen Colbert a atores de Hollywood "que falam francês", como destacou a mídia local, de Julia Louis-Dreyfus (dos seriados Veep e Seinfeld), filha de um bilionário francês, a Bradley Cooper, que fez intercâmbio em Aix-en-Provence.

Ironicamente, o diretor-geral da NSA (Agência de Segurança Nacional), general Keith Alexander, também foi um dos 350 convidados.

O casal Obama também convidou a editora-executiva do "New York Times", Jill Abramson, o presidente da CNN, Jeff Zucker, e o jogador da NBA Jason Collins, o primeiro do basquete profissional a se revelar gay ainda em atividade.

A cantora Mary J. Blige, favorita de Hollande, apresentou-se ao vivo, cantando o clássico do cantor belga Jacques Brel, "Ne me quitte pas", e uma das canções preferidas do francês, "One", do grupo irlandês U2.


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