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Conflitos no Sudão do Sul deixam milhares de refugiados

Com medo de voltar para casa, pessoas enfrentam doenças e escassez de alimentos em campos improvisados

ANDREW GREEN DO "GUARDIAN"

Rita Stephen Cheruoe vem dormindo na catedral St. Joseph, na cidade de Malakal, no Sudão do Sul, há semanas. Ela divide o espaço com centenas de outras pessoas que fugiram dos combates travados entre tropas governamentais e rebeldes no país.

"Estamos aqui sem comida, sem água, sem nada", diz. "Algumas pessoas passam o dia chorando."

As forças do governo reconquistaram o controle de Malakal, capital do Estado petrolífero de Alto Nilo, em janeiro. Mas Cheruoe e as quase 9.000 outras pessoas que buscaram refúgio na catedral temem que os combates recomecem.

Separada de seus parentes durante a violência, Cheruoe está desesperada para reencontrá-los, mas tem medo de partir. Ela não é a única.

"Se passarmos três ou quatro meses sem combates, as pessoas se acalmarão", diz Anthony Achuil Arop, que é catequista na catedral e está ajudando a organizar os deslocados. "No momento, porém, não há garantia de nada, porque pode haver choques a qualquer momento."

A ONU estima que a violência no Sudão do Sul, que explodiu na capital, Juba, em meados de dezembro e em pouco tempo se espalhou para centro e leste do país, já deixou milhares de mortos e mais de 750 mil deslocados.

Pelo menos 76 mil pessoas estão comprimidas em bases da ONU espalhadas pelo país. Outras lotam igrejas, mesquitas e hospitais. Outras ainda estão escondidas na savana, sem acesso a alimentos, água potável e ajuda.

A despeito de um cessar-fogo firmado no final de janeiro entre os rebeldes liderados pelo ex-vice-presidente, Riek Machar, e o governo, as pessoas não querem voltar para suas casas.

Em vez disso, segundo a ONU, o número de deslocados vem crescendo, gerando temores de falta de alimentos e disseminação de doenças.

Grupos humanitários avisam que, devido à situação instável, não têm como chegar a todos os que precisam de assistência.

"Há necessidade urgente de esforços de reconciliação. As pessoas precisam ter sua segurança física garantida", diz Valerie Amos, chefe de assuntos humanitários da ONU.

A alguns quilômetros de Malakal, cerca de 27 mil pessoas estão vivendo no terreno do complexo da ONU.

Campos de deslocados como esse apareceram em vários pontos do país, incluindo as duas principais bases da ONU em Juba.

De acordo com Donavan Naidoo, diretor para o Sudão do Sul da Organização Internacional de Migração, o complexo em Malakal está tão superlotado que os funcionários humanitários não têm espaço para construir banheiros para as pessoas, cujo número não para de crescer.

Em Bor, capital do vizinho Estado de Jonglei, o Fundo das Nações Unidas para a Infância, Unicef, informou que 30 crianças morreram em um surto de sarampo, que recentemente motivou uma campanha de vacinação emergencial.

Mesmo nos lugares onde as pessoas estão recebendo ajuda, incluindo o campo da ONU em Malakal, há pessoas demais competindo por recursos de menos.

O Corpo Médico Internacional (CMI) constatou que mais de 20% das crianças no campo apresentam desnutrição grave ou moderada e que outras 24% estão em risco.


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