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Rota para Venezuela amedronta brasileiros

Viagem entre Roraima e Isla Margarita registra aumento de furtos, assaltos e outros crimes violentos contra turistas

Apesar de associação desaconselhar viagens por terra, 11 mil brasileiros percorreram caminho neste ano

ANDREZZA TRAJANO COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, EM BOA VISTA (RR)

A rota por terra entre Roraima e o Caribe venezuelano --antes um paraíso para os turistas brasileiros pelas belas praias, gastronomia e o real favorável-- se transformou em terror com a violência daquela região.

Arrastões e assaltos a ônibus com espancamento de vítimas têm se tornado comuns no lado venezuelano do caminho até Isla Margarita.

Além disso, nos hotéis, furtos de pertences dos turistas são frequentes, segundo a Abav (Associação Brasileira de Agências de Viagens).

Por isso, a associação desaconselha, desde dezembro, a venda de pacotes de viagem por terra para a ilha.

Em Roraima, apenas duas das oito agências continuam comercializando pacotes para o Caribe venezuelano.

Não há dados oficiais sobre os crimes que envolvem Isla Margarita, mas a Folha entrevistou seis brasileiros que relataram ter sofrido com a violência.

Apesar da orientação da Abav, no ano passado, 14 mil turistas brasileiros cruzaram a fronteira terrestre em direção ao país vizinho, segundo a Polícia Federal. Somente de 1º de janeiro a 20 de fevereiro deste ano, foram 11 mil.

Uma das vítimas da violência na rota para as praias venezuelanas foi a estudante Jaqueline Carneiro, 25. Ela seguia num ônibus de turismo com familiares e amigos na ilha quando os pneus furaram com uma armadilha colocada por bandidos.

Segundo a estudante, os ladrões apareceram, espancaram e amarraram os motoristas e roubaram bolsas, dinheiro e eletroeletrônicos. Ela e seus familiares perderam R$ 6.000 em dinheiro. "Ainda efetuaram disparos e agrediram passageiros que estavam sem dinheiro. Aí a polícia chegou e eles fugiram."

Além da violência, os brasileiros reclamam que a polícia não se empenha em investigar os crimes e falam de casos de extorsão. Jaqueline afirmou que só recebeu das autoridades um registro para transitar na Venezuela sem os documentos, que foram roubados no assalto. Não houve investigação, disse.

Já o fotógrafo Tiago Orihuela, 35, afirmou que foi extorquido duas vezes por policiais em 2012. "Em Puerto La Cruz, um deles disse que eu tinha avançado o sinal vermelho. Se eu não pagasse a multa para ele [de cerca de R$ 200], eu e minha mulher seríamos presos."

MORTE

A Venezuela é um dos 11 países da América Latina com taxas consideradas elevadas de assassinatos, muito acima de 10 por 100 mil habitantes.

No ano passado, um empresário de Roraima foi morto com um tiro no pescoço após tentativa de assalto.

Não há dados específicos sobre criminalidade na rota entre Roraima e o Caribe.

A Secretaria para Assuntos Internacionais de Roraima informou que os próprios brasileiros não costumam registrar casos de violência, por desacreditar nas autoridades venezuelana. "Mas é justamente o contrário. Como vamos agir se não somos notificados oficialmente dos fatos?", indagou o titular da pasta, Eduardo Oestreicher.

Segundo ele, a denúncia deve ser formalizada na unidade consular brasileira mais próxima. E, sob nenhuma hipótese, o brasileiro deve pagar propina aos policiais.

Procurado, o consulado venezuelano em Roraima disse não ter autorização de seu governo para falar sobre os casos de violência e as acusações de extorsões.


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