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1 Ano de Francisco

Em seu primeiro ano à frente da igreja, papa tornou-se estrela pelo estilo informal e acenou com mudanças; analistas se perguntam até onde ele pode chegar

REINALDO JOSÉ LOPES COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Um ano atrás, se alguém se arriscasse a prever que o sucessor do papa Bento 16 ganharia status de estrela global, rivalizando em popularidade com João Paulo 2º, seria considerado maluco.

"No caso de Francisco, sabíamos que tínhamos eleito um homem dos pobres e um bom administrador, mas não fazíamos ideia de que ele seria um astro", disse ao jornal "Boston Globe" o cardeal de Nova York, Timothy Dolan.

De fato, não é preciso acreditar na ação do Espírito Santo para se espantar com a transformação pessoal pela qual passou Jorge Mario Bergoglio ao assumir o cargo.

Seus conhecidos na Argentina estavam acostumados com sua vida espartana, mas Bergoglio tinha fama de apagado e conservador.

Além de desafiar a presidente Cristina Kirchner, que deu seu apoio ao casamento gay, o prelado também era considerado um colaborador da ditadura argentina (o que parece não ter sido o caso).

DE ESQUERDA?

"Nunca fui de direita", disse Francisco em uma de suas entrevistas após ser eleito papa (antes, ele dizia não gostar de ser entrevistado).

E mostrou que a afirmação não era só retórica ao lançar a condenação papal mais vigorosa da história contra os abusos do capitalismo e da globalização, na exortação "Evangelii Gaudium".

Francisco se mostrou aberto ainda aos fiéis gays, com a frase "quem sou eu para julgar?", e sinalizou possíveis mudanças (ainda sendo discutidas) no tratamento dado aos divorciados e casados pela segunda vez, que hoje não podem receber a comunhão.

Ao recusar o apartamento no Palácio Apostólico, Francisco construiu uma espécie de mitologia da humildade em torno de si. Não alterou, no entanto, nenhum ponto da doutrina católica, levando alguns a pensarem que as mudanças eram só de estilo.

"Dizer que a mudança é de estilo já equivale a reconhecer uma mudança de substância, porque o papado sempre foi marcado pelos sinais de poder", rebate Moisés Sbardelotto, pesquisador da Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos).

Ao evitar o uso dos sinais de poder, Francisco aponta para uma igreja mais democrática, com um papel mais amplo para os bispos de cada país, por exemplo.

O pesquisador Rodrigo Coppe Caldeira, da PUC-Minas, diz que um sinal dessa busca é a criação do conselho permanente de cardeais.

Para ele, a figura de Francisco pode estar sendo mal interpretada tanto por "conservadores" quanto por "progressistas". "Os primeiros se equivocam em pensar em uma igreja estática, enquanto os segundos ficam presos a um fetiche pela revolução."

Francisco parece tentar escapar dessa dicotomia. Ainda resta saber como.


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