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Análise - França

Sucesso da extrema direita em pleito municipal confirma sua consolidação

De partido 'demonizado' pela opinião pública, Frente Nacional se torna ator incontornável

ADRIÁN ALBALA ESPECIAL PARA A FOLHA

O primeiro turno das eleições municipais na França, realizado no domingo, constituiu um teste importante para sondar a força das diferentes formações políticas, num contexto em que os principais partidos almejaram uma disputa desvinculada do cenário nacional.

Para o presidente socialista, François Hollande, tratou-se de medir concretamente o nível de (des)aprovação popular do seu governo --mesmo que, há meses, os institutos de sondagem o identifiquem como o presidente mais impopular da 5ª República (de 1958 até hoje).

Para a direita, o exercício consistiu em analisar o impacto dos muitos casos judiciais recentes que envolveram o partido e, em particular, a figura do popular e polêmico ex-presidente Nicolas Sarkozy.

Por fim, para o partido de extrema direita, a FN (Frente Nacional), as eleições serviram para ratificar as conquistas nas urnas desde 2012, bem como a normalização do partido diante da opinião pública francesa. Ainda que a direita tenha obtido bons resultados em geral, o principal vencedor desse primeiro turno foi, sem dúvida, a FN.

Devido ao sistema eleitoral francês, em dois turnos, o partido pode não conseguir, no final, eleger muitos prefeitos. Não obstante, o nível de votação obtido em numerosas cidades de médio e grande porte confirmou a ancoragem popular do partido.

O voto pela FN, que até os anos 90 consistia, essencialmente, em sanção aos outros partidos tradicionais, tornou-se mais estável e institucionalizado após o partido se colocar como o representante da classe operária, substituindo o papel do Partido Comunista.

A estratégia de "desdiabolização" do partido, operada por Marine Le Pen desde 2010, é um sucesso rotundo, pois conseguiu colocar a FN como ator legítimo e incontornável do debate político.

A prova é que o partido de direita, a UMP, de Sarkozy, já reconsidera a sua atitude em relação ao partido extremista no momento de formar alianças eleitorais, algo anteriormente improvável.

O progresso da extrema direita se inscreve num contexto de alta desconfiança com os partidos tradicionais.

Uma sondagem publicada na semana passada é ilustrativa: 91% dos franceses não confiam nos seus partidos políticos, ao passo que no Brasil esse nível é de "apenas" 75%, segundo o Ibope.


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