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Turquia investiga escuta na chancelaria

Áudio de reunião em que país estudava intervenção na Síria é vazado no YouTube, que é bloqueado pelo governo

Premiê acusa rivais de divulgar diálogo confidencial, que surge três dias antes das eleições municipais

DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

O governo da Turquia abriu ontem uma investigação sobre o vazamento do áudio de uma suposta reunião em que membros do alto escalão discutem uma hipotética intervenção militar na Síria.

Devido à divulgação do conteúdo, o governo do primeiro-ministro Recep Tayyip Erdogan bloqueou o site YouTube, onde o vídeo foi publicado anteontem.

O material é apresentado como a gravação de uma reunião na chancelaria em que o chefe de inteligência turco, Hakan Fidan, discutiu uma possível intervenção na Síria para recuperar o controle sobre um enclave turco.

Também participaram do encontro o ministro das Relações Exteriores, Ahmet Davotoglu, o vice-chefe do Estado-Maior militar, Yasar Guler, e outros funcionários.

Minutos após a divulgação do áudio, o chanceler turco disse que todos os presentes na reunião serão investigados "com extremo cuidado".

Para Erdogan, o grampo foi um "ato de vilania". "A quem vocês estão servindo, espionando o áudio de uma reunião tão importante?"

A revelação é feita três dias antes das eleições municipais no país, cuja campanha foi marcada pelo vazamento de áudios que comprometem Erdogan, há 11 anos no poder.

Os áudios começaram a ser divulgados em fevereiro, três meses após a operação anticorrupção que provocou a derrubada de dez ministros.

Em resposta, Erdogan expulsou 3.000 policiais e 600 magistrados envolvidos nas investigações, além de restringir a internet e a Justiça.

As medidas, porém, não evitaram o vazamento do primeiro áudio relacionado com segurança nacional. Para o pesquisador do Centro de Estudos em Economia e Política Externa, Sinan Ulgen, a revelação é chocante.

"Agora a Turquia é incapaz de manter secreta um diálogo confidencial e vemos que, mesmo com as medidas tomadas pelo governo, as denúncias continuam".

O governo turco acusa o líder religioso Fettullah Gülen, do grupo Hizmet, de ser o responsável pelas denúncias. Para Erdogan, a operação contra corrupção foi uma vingança contra o fechamento de escolas administradas pelo grupo de Gülen.

ESCRITORES

Ontem, um grupo de escritores fez um manifesto contra a censura ao Twitter e ao YouTube na Turquia.

O turco Orhan Pamuk, ganhador do Prêmio Nobel de Literatura, disse que a situação do país "vai de mal a pior e a caminho do terrível".

Ele é um dos responsáveis por uma carta do grupo PEN International que pede ao governo de Erdogan mais liberdade de expressão no país.

Além de Pamuk, assinaram o documento ao governo turco os autores como o indiano Salman Rushidie, o alemão Günter Grass, a inglesa Zadie Smith, o argentino Martín Caparrós e o brasileiro Paulo Coelho.


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