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Entrevista - Wang Yi, chanceler chinês

Parceria com Brasil ajuda a equilibrar economia mundial

Ministro chega hoje ao Brasil para preparar vinda ao país do presidente Xi Jinping, em julho

MARCELO NINIO DE PEQUIM

A China quer "impulsionar" a parceria estratégica com o Brasil e aposta no grupo Brics (que inclui Rússia, Índia e África do Sul) para promover relações internacionais mais "democratizadas". Palavras do chanceler chinês, Wang Yi, que chega hoje para uma visita ao Brasil.

Em entrevista exclusiva, Wang falou sobre os 40 anos de relações diplomáticas entre os dois países e sobre o principal evento desse aniversário, a visita ao Brasil do presidente chinês, Xi Jinping, marcada para julho.

Só uma pergunta feita pela Folha não foi respondida, sobre a crescente tensão entre China e Japão. A assessoria do ministro alegou que ele preferiu focar nas relações com a América Latina e em seu giro pela região, que, além do Brasil, incluiu Argentina, Venezuela e Cuba.

Leia trechos da entrevista, concedida por e-mail. A tradução para o português foi feita pelo governo chinês.

Folha - Este ano marca os 40 anos de relações bilaterais. Qual a importância do Brasil na estratégia de política externa da China?
Wang Yi - Ao longo dos últimos 40 anos, desde o estabelecimento das relações diplomáticas entre China e Brasil, os dois lados têm aderido aos princípios de respeito mútuo, igualdade e benefício recíproco e somado esforços para promover o desenvolvimento contínuo e saudável do relacionamento bilateral.
Em 1993, o Brasil tornou-se o primeiro país em desenvolvimento que estabeleceu a Parceria Estratégica com a China, a qual foi elevada para Parceria Estratégica Global em 2012. O presidente Xi Jinping planeja realizar, no próximo mês de julho, visita de Estado ao Brasil e a alguns países latino-americanos e caribenhos e participar da 6ª Cúpula do Brics.
Uma importante missão que tenho na presente visita é fazer preparações políticas para a visita do presidente Xi. Estou convicto de que a visita do presidente irá, sem sombra de dúvida, impulsionar vigorosamente o desenvolvimento da Parceria Estratégica Global China-Brasil e constituirá um novo marco na história do relacionamento sino-brasileiro.

O sr. afirmou recentemente que China e América Latina têm uma "oportunidade histórica" de avançar "ao próximo estágio". O que isso significa?
A China e os países da América Latina e do Caribe constituem uma parte importante do mundo em desenvolvimento e da força emergente internacional. Graças a esforços de ambas as partes, as relações e cooperações entre a China e a América Latina e Caribe têm progredido a passos largos nos últimos anos.
Está previsto o estabelecimento do Fórum China-Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac) e a realização da sua primeira reunião ministerial no ano corrente. As relações China-América Latina e Caribe têm importante oportunidade de ficar ainda melhores.

O comércio China-Brasil bateu recorde no ano passado, com alta de 10%, mas é uma relação qualitativamente desequilibrada: a China vende principalmente produtos manufaturados, e o Brasil, matérias-primas. Como vê a evolução desse fluxo?
Segundo estatísticas da parte chinesa, o fluxo comercial entre China e Brasil cresceu 5,3% em 2013, superando pela primeira vez US$ 90 bilhões, um desempenho já bastante plausível num contexto marcado por difícil recuperação econômica global e desaceleração do crescimento das economias emergentes.
O Brasil já é o nono maior parceiro comercial da China, e a China, por sua vez, tem sido o maior parceiro comercial do Brasil por cinco anos consecutivos. A par disso, é também exitosa a cooperação econômica e técnica.

Qual o significado estratégico do Brics para a China?
Os países do Brics têm 29,4% do território e 42,3% da população mundial, enquanto o seu PIB será em 2014, segundo a última estimativa do Fundo Monetário Internacional, 21,7% do PIB mundial. Os cinco países desempenham um papel saliente nos assuntos internacionais e nos mecanismos de cooperação Sul-Sul, como o Grupo dos 77+China e o Basic (Brasil, África do Sul, Índia e China).
A China tem sempre sido um apoiador firme e participante construtivo da cooperação Brics. A 3ª Cúpula do Brics, realizada na China em março de 2011, lançou um bom alicerce para a ampliação e o aprofundamento da cooperação no grupo.
A parte chinesa propôs estabelecer a Parceria Econômica Mais Estreita do Brics, fazendo a economia mundial ser mais equilibrada, a governança global mais aperfeiçoada e as relações internacionais mais democratizadas.

Como o Banco de Desenvolvimento do Brics pode ajudar as relações entre os membros do grupo e com outros países?
A criação do Banco de Desenvolvimento reflete a determinação e a confiança dos líderes do Brics em aprofundar a cooperação pragmática, e é favorável para o Brics construir a sua própria rede de segurança financeira e conjugar esforços para fazer frente aos riscos, além de formar um suporte consistente para o desenvolvimento dos próprios Brics e outros países de mercado emergente e em desenvolvimento.
Sendo a primeira importante instituição financeira internacional fundada por países de mercado emergente após a Segunda Guerra, o banco terá um papel catalítico na reforma da governança econômica global e contribuirá para elevar a representatividade e o direito à voz dos países de mercado emergente e em desenvolvimento.

China e Brasil defendem a reforma das instituições multilaterais. Qual é a preocupação principal da China nesse aspecto?
Nos últimos anos, com o rápido desenvolvimento econômico, um número expressivo de países de mercado emergente e em desenvolvimento têm se tornado força importante na salvaguarda da paz mundial e na promoção do desenvolvimento comum.
Ao mesmo tempo, sendo a organização internacional intergovernamental mais generalizada no mundo de hoje, a ONU, ao longo de quase 70 anos desde sua fundação, cresceu de 51 membros para 193, a maioria dos quais são países em desenvolvimento.
Nesse sentido, as instituições multilaterais, inclusive a ONU, devem realizar uma reforma, com o intuito de aumentar a representatividade e o direito à voz dos países em desenvolvimento.

O novo governo da China está no poder há um ano. Como define a sua política externa?
Ao longo do último ano, com base na herança e no desenvolvimento das boas tradições diplomáticas chinesas, o presidente Xi Jinping e outros líderes da China têm proposto uma série de novos importantes conceitos diplomáticos, com o objetivo de promover mais ativamente a transformação mútua das oportunidades chinesas e mundiais e o desempenho do papel de um grande país, responsável em assuntos internacionais.
Esses novos conceitos passam para o mundo a crença de que a China não só insiste no caminho do desenvolvimento pacífico por conta própria, mas também gostaria de percorrer esse caminho junto com todos os países do mundo. O "sonho chinês" não é só uma procura do povo chinês, mas também está intimamente interligado aos sonhos de todos os povos de procurar uma vida melhor.

Leia a íntegra
folha.com/no1444480


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