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Em meio a avanço do regime, rebeldes da Síria deixam reduto
Insurgentes abandonam Homs, cidade que era um símbolo da revolta contra o regime do ditador Assad
Acordo permitiu que eles saíssem do centro da cidade em ônibus; em troca, prometeram libertar grupos reféns
Insurgentes sírios iniciaram ontem a retirada da região central de Homs, após um acordo com o regime e a mediação das Nações Unidas.
A saída de rebeldes da cidade outrora considerada "capital da insurgência" tem impacto simbólico, pois reflete o avanço das forças leais ao ditador Bashar al-Assad.
Os rebeldes foram retirados da cidade antiga de Homs em uma leva, de ônibus.
A retirada teve início com centenas de insurgentes e deve incluir até 1.900 deles, de acordo com ativistas.
Por sua vez, a oposição armada síria se comprometeu a libertar reféns em regiões como Aleppo e Latakia, além de interromper o cerco a duas cidades de maioria xiita no norte do país. Os rebeldes na síria são de maioria sunita.
Há relatos de que nesse acordo serão libertados prisioneiros libaneses e iranianos. Tanto o Irã quanto a facção libanesa Hizbullah apoiam o regime de Assad, tendo papel fundamental nos avanços militares na Síria.
O acordo entre insurgentes e regime deve ser visto como uma vitória de Assad, que concorrerá --sem uma oposição real-- à Presidência em 3 de junho, em um pleito que deve ser encerrado com a permanência do ditador.
ESTRATÉGIA
Rebeldes sírios haviam tomado Homs no início da insurgência. A guerra, ali, incluiu a batalha pela região de Bab Amro, em ruínas após repetidos bombardeios.
O local tem grande importância estratégica, por fazer parte de um corredor de poder que une Damasco à região alauita na costa do Mediterrâneo. Os alauitas são um ramo islâmico do qual faz parte a família Assad.
A reportagem da Folha visitou a cidade no mês passado. O governador Talal al-Barazi disse na ocasião que a resistência no centro de Homs seria em breve encerrada, por diplomacia ou ação militar.
Em uma retirada anterior da cidade, insurgentes haviam sido levados a um centro de reabilitação.
Não estava claro, ontem, o que seria feito da nova leva de rebeldes, apesar de o Observatório Sírio para os Direitos Humanos ter dito que seriam encaminhados a Al-Dara al-Kabira, norte de Homs.
Ativistas ouvidos pelas agências de notícias afirmavam que os insurgentes puderam manter armas leves como parte do acordo e não precisaram passar por interrogatórios de segurança.
A insurgência foi iniciada na Síria em março de 2011 e, desde então, deixou mais de 150 mil mortos, além de 6 milhões de desabrigados e 2,5 milhões de refugiados.