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Ex-musa é chave em campanha colombiana

Antiga estrela de comerciais, política Marta Lucía Ramírez vira estrategista da oposição

SYLVIA COLOMBO ENVIADA ESPECIAL A BOGOTÁ

Conhecida pelos admiradores de sua beleza como "deusa Juno", por conta da marca de sabonetes da qual fazia propaganda nos anos 1970, Marta Lucía Ramírez, 59, se transformou em peça política essencial para definir as eleições colombianas no próximo domingo (15).

Primeira mulher a ocupar o cargo de ministra da Defesa do país, durante a gestão de Álvaro Uribe (2002-2010), Ramírez bateu também o recorde de votos de uma mulher candidata à Presidência. Ficou em terceiro lugar no primeiro turno do pleito, em 25 de maio passado, colhendo 2 milhões de votos. Cerca de 70% deles foi feminino.

"Não seria o máximo termos uma mulher presidente, como o Brasil, a Argentina e o Chile? Mas aqui, ela teria de ter cojones' [colhão], porque a Colômbia é um país violento. Na próxima eleição ela estará pronta", diz o taxista Hector Ulloa.

Na semana seguinte ao primeiro turno, Ramírez anunciou apoio a Óscar Iván Zuluaga, reaproximando-se do padrinho político de ambos, Uribe. Apesar de já ter trabalhado também para Santos, considera o atual presidente um traidor de sua causa inicial, por conta das concessões que sugere fazer às Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia).

De olho em seu apoio em ascensão --nas últimas semanas da campanha, deixou para trás a esquerdista Clara López, que havia arrancado à sua frente, e o candidato verde Enrique Peñalosa, antes cotado para ir ao segundo turno com Santos--, Zuluaga empossou Ramírez na chefia estratégica de sua campanha.

Nos últimos dias, por estar com uma forte gripe, o uribista deixou a nova assistente a cargo de dar declarações públicas. Foi ela quem saiu a atacar o início das negociações com o ELN (Exército de Libertação Nacional), anunciado pelo governo na última terça (10).

"Ramírez fala com parte do eleitorado que se identifica com o ex-presidente Andrés Pastrana, e também com mulheres mais conservadoras, porque faz um discurso de defesa da família colombiana", explica o jornalista e escritor Alberto Salcedo Ramos.

CAUSA FEMININA

Defensora de mais protagonismo das mulheres na política, Ramírez não é feminista e coloca-se contra o casamento gay e contra o aborto. Estudou no colégio religioso Castro Martínez e é católica praticante.

"Ela se identifica com mulheres que tiveram de lutar sozinhas para levar adiante uma família, muito comum no interior, onde os homens estão na guerra. É a imagem da mulher que consegue seu espaço político com luta. Mas não é uma feminista, é muito conservadora em seu discurso de defesa da família e da vida", diz Juanita León, diretora do site de notícias políticas La Silla Vacía.

Já seu discurso sobre a paz é parecido com o de Zuluaga. Ela crê que seja preciso reforçar as Forças Armadas, criar mecanismos regionais e colocar mais câmaras de segurança nas cidades.

Diferentemente do candidato, porém, Ramírez lança mão de um discurso mais humano, buscando identificação com as vítimas do terrorismo.

"Quero que se interrompa imediatamente o recrutamento de crianças pela guerrilha. Nenhuma paz pode ser negociada enquanto isso estiver acontecendo", costuma repetir em seus discursos.

Formada em direito e com especialização na Universidade Harvard, Ramírez foi porta-voz de uma coalizão de grandes empresários e também presta consultoria jurídica ao maior banqueiro da Colômbia, Luis Carlos Sarmiento.


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