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Premiê indiano quer limpar rio Ganges

Narendra Modi, de perfil nacionalista hindu, tem como meta pessoal despoluir o rio, sagrado para sua religião

Tentativas anteriores usaram até tartarugas carnívoras, mas fracassaram por falta de planejamento

KRISHNA N. DAS DA REUTERS, EM NOVA DÉLI

O novo governo da Índia buscará o conselho de homens santos sobre a execução de um ambicioso plano do primeiro-ministro, Narendra Modi, para limpar o Ganges, rio sagrado para a população hinduísta, majoritária no país asiático.

Os hindus se banham no Ganges em um ritual de purificação, mas o rio de 2,5 mil quilômetros, que se estende do Himalaia à baía de Bengala, está repleto de detritos industriais e de esgoto sem tratamento, e o lixo se acumula em suas margens.

Tentativas anteriores de limpar o rio, como a introdução de tartarugas carnívoras para devorar os restos calcinados dos mortos queimados nas margens, fracassaram devido à falta de planejamento ou coordenação.

Modi, eleito no mês passado para o Legislativo como representante da cidade de Varanasi, que existe há 30 séculos à margem do Ganges, assumiu responsabilidade pessoal pela restauração do Maa Ganga, ou "Mãe Ganges", como parte de uma campanha mais ampla para preservar os escassos recursos hídricos indianos e melhorar os padrões de saúde pública e higiene.

O partido Bharatiya Janata (BJP), de Modi, chegou ao poder com uma campanha que promete acelerar o crescimento econômico na maior democracia do planeta. Modi, 63, enfatizou também os valores hinduístas que acredita terem sido solapados pela cultura laica moderna.

"Faremos da limpeza do Ganges um movimento popular, seguindo a visão do primeiro-ministro", disse Uma Barthi, ministra dos Recursos Hídricos, Desenvolvimento Fluvial e Limpeza do Ganges no gabinete de Modi.

Serão realizadas consultas com ONGs, sadhus (homens santos hindus) que vivem perto do rio, "sacerdotes que conduzem diversos rituais em sua cercania", cientistas e políticos, ela disse.

"Estamos buscando a ajuda de todos. Queremos criar um grande movimento de massa", acrescentou Bharti, que causou controvérsias sectárias nos anos 90 por seu envolvimento na demolição de uma mesquita em Ayodhya, no norte da Índia.

Ela prometeu que desenvolveria propostas detalhadas dentro de um mês e meio para o projeto, apelidado "Ganga Manthan". No léxico hindu, "manthan" significa uma profunda contemplação e estudo dos fatos, que conduz ao esclarecimento.

RITUAL DO FOGO

Um dia depois de sua vitória eleitoral no mês passado, Modi viajou a Varanasi para observar um ritual do fogo em honra do rio sagrado.

"Agora é a hora de fazer minha parte por Maa Ganga", ele disse em um discurso realizado em um dos ghats' (escadarias) nos quais são realizadas as cerimônias à beira-rio. "Maa Ganga está esperando que seu filho a liberte da poluição".

Ele prometeu limpar a Índia --a começar por Varanasi, considerada em geral como a mais sagrada cidade do hinduísmo-- a tempo para o 150º aniversário de Mahatma Gandhi, em 2019.

Os especialistas ambientais expressaram cautelosas esperanças de que a abordagem ampla advogada por Modi, envolvendo os Estados do norte da Índia e o vizinho Nepal, ajudasse a tratar de questões como o fluxo reduzido de água para o rio, causado pelo recuo das geleiras do Himalaia.

Bharti, 55, descartou as notícias que diziam que o governo proibiria as pessoas de cuspir no Ganges como "uma tentativa de apequenar nossa séria iniciativa".


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