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Entrevista - Gebran Bassil

Líbano não vai se envolver no conflito de Israel e Gaza

Chanceler libanês diz que foguetes contra os israelenses foram 'ataques individuais' e descarta ação do Hizbullah

CAROLINA LINHARES JULIANO MACHADO EDITOR-ADJUNTO DE "MUNDO"

O recente conflito entre Israel e o Hamas não deve chegar ao vizinho Líbano, nem há intenção do país de se envolver. É o que diz, em entrevista à Folha, o ministro libanês das Relações Exteriores e Emigrantes, Gebran Bassil.

Ele chamou de "ataques individuais" os cinco foguetes lançados do território libanês em direção ao norte de Israel, na sexta-feira (11), e descartou a participação do Hizbullah, grupo radical xiita que controla partes do sul do Líbano e entrou em guerra com Israel em 2006.

Em visita ao Brasil, o chanceler destacou o grande número de descendentes libaneses no país ""quase o dobro da população do Líbano--e buscou ajuda brasileira para a situação instável no Oriente Médio.

Folha - Após cinco foguetes terem sido disparados do território libanês em direção a Israel, há risco de que o Líbano entre no conflito entre os israelenses e o Hamas?
Gebran Bassil - Não pelo lado do Líbano. Pode haver ataques individuais, já que é muito fácil lançar um foguete hoje em dia. Mas as forças de segurança já prenderam o responsável por esses foguetes. O que aconteceu na sexta-feira não veio do Exército libanês. O Líbano enfrenta mais de cem agressões de Israel por mês, como invasão do espaço aéreo, terrestre e marítimo. Israel é um agressor por natureza. Mas não vejo razão para que o conflito chegue ao Líbano. Não tomamos nenhuma medida nesse sentido e não vamos fazê-lo.

O governo libanês tem total controle sobre as ações do Hizbullah no sul do país?
O Líbano respeita a resolução 1701 [da ONU, que pôs fim ao conflito de 2006 com Israel]. A questão do Hizbullah é interna. É a nossa forma de nos defendermos das agressões de Israel. A única forma de ter o controle total é ajudando o Exército. Isso é o que pedimos através da conferência em Roma no mês passado [na qual países se comprometeram a ajudar o governo do Líbano militarmente e desarmar milícias].

Qual parte foi responsável pelo aumento da violência em Israel e Gaza?
É um fato que Israel está ocupando o território. Isso o faz responsável por qualquer incidente. A questão é que Israel não está respeitando as resoluções da ONU e não está respeitando o direito das pessoas de existirem em um país independente. Se Israel quer segurança, deve respeitar esse direito. Se isso for admitido por Israel, teremos paz. Até lá, mudaremos de um conflito para outro.

Na sua visita ao Brasil, o senhor pediu ao vice-presidente, Michel Temer, um papel mais ativo do país no processo de paz do Oriente Médio. Como isso poderia acontecer na prática?
Só o fato de o Brasil ter quase oito milhões de libaneses e descendentes dá ao país a possibilidade de tomar iniciativas. Além disso, o Brasil faz parte de grupos como os Brics, que possuem influência política. O Brasil costuma se posicionar pelos direitos das pessoas. A ajuda pode vir também de um grupo de países que venha a conseguir impor uma nova estratégia, na qual a justiça deve prevalecer e não haja mais dois pesos e duas medidas.
O uso de força só leva a escalada de violência. E a escalada não é causada só por Estados como Israel, mas também por grupos sem controle, que se beneficiam da situação instável para agirem. Eles têm capacidade, financiamento, armas e apoio para distribuir o caos em qualquer lugar que estejam.

O senhor se refere ao Estado Islâmico, que tomou áreas no Iraque e na Síria?
O EI é parte deles. Cada hora esses grupos têm um nome. Você vê as mesmas pessoas indo de um país para o outro --Líbia, Síria, Afeganistão e até Europa e EUA. Eles querem controlar o mundo com suas ideias fanáticas. Quando você permite essa instabilidade, acaba justificando que esses grupos matem pessoas.

Há relatos de que o EI esteja no Líbano.
Existem as alegações. Já tivemos grupos com diferentes nomes no Líbano. Mas o Exército agiu. Eles podem penetrar em qualquer sociedade porque têm os meios e agem de forma descentralizada. O risco existe.


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