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Em trégua, palestinos reviram destroços

Israel propõe estender cessar-fogo humanitário por mais 24 horas, até domingo; a princípio, Hamas rejeita oferta

Moradores de Gaza resgatavam pertences em sacos; conflito já matou 45 israelenses e mais de mil palestinos

DIOGO BERCITO ENVIADO ESPECIAL A GAZA

Palestinos venceram o calor, os destroços e o cheiro de carne podre para voltar neste sábado (26), a pé, aos destroços de suas casas em áreas como Shujaya (leste) e Beit Hanun (norte), enquanto vigorava a trégua humanitária de 12 horas na faixa de Gaza.

O cessar-fogo fora acordado no dia anterior por Israel e pela facção palestina Hamas, que controla Gaza, após intensa pressão diplomática -principalmente dos EUA, cujo secretário de Estado, John Kerry, discutiu o assunto com chanceleres em Paris.

No sábado, os israelenses decidiram, a pedido da ONU, estender a trégua por 24 horas, até meia-noite de domingo (18h no horário de Brasília). Mas advertiram que responderiam a ataques de Gaza e continuariam a destruir túneis construídos pelo Hamas.

Oficialmente, a facção rejeitou a oferta. Um porta-voz do Hamas, Sami Abu Zuhri, disse ao "New York Times" que o cessar-fogo era inaceitável enquanto os soldados de Israel não deixassem Gaza. Porém outro membro do grupo, Osama Hamdan, declarou à rede CNN que a facção ainda analisava o plano.

Mais cedo, o Hamas rejeitara prorrogar a trégua por quatro horas, e militantes disseram ter disparado dezenas de foguetes contra Israel.

Com a trégua humanitária, ambulâncias entraram nas áreas de mais violento confronto e retiraram dezenas de corpos, fazendo a cifra de mortos palestinos chegar a ao menos 1.050 desde o início do embate, no dia 8. Do lado israelense, contavam-se 42 soldados e três civis mortos.

Shujaya encontrava-se reduzida a destroços pelo bombardeio israelense. Enquanto cadáveres eram retirados dos escombros, o odor de carne podre contaminava o ar.

SACOS DE LIXO

A reportagem da Folha encontrou ali Walid Habib, que retornara para descobrir o que restava da casa de sua família, com seis andares: pertences que cabiam em um saco de lixo, que ele carregava de volta até a cidade de Gaza.

"Isso é reflexo do fracasso de Israel em destruir o Hamas", diz. "Não conseguem matar os líderes da resistência, então atacam civis."

Abu Arif carregava uma TV de LED quase intacta. Foi tudo o que pôde tirar de casa, diz. "Não sei se funciona."

Atif al-Helu resgatou, em duas horas de procura, produtos de limpeza, documentos e fraldas. Desde que fugiu de Shujaya, vive em um parque público. "Não consegui dormir, pensando no que eu encontraria em casa. Mas não pude acreditar no que vi."

Em Beit Hanun, Muhammad Nasser sonhava com um cessar-fogo favorável ao Hamas. "Depois de toda a devastação, precisamos que Israel aceite nossas exigências."

Na costa, arriscava-se a pesca com rede. Saqr Bakr tinha dez peixinhos no balde, que lhe renderiam cerca de R$ 15 no mercado. "Amamos o mar, e a pesca é minha tradição", diz. Mas a atividade foi, no sábado, luxo temporário permitido pela trégua.


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