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Ebola leva a confronto em favela da Libéria
Moradores entraram em choque com policiais e militares que cercaram bairro, um dos mais pobres de Monróvia
Governo decretou toque de recolher e colocou bairro em quarentena; residentes afirmam não terem sido avisados
A força tarefa do Exército e da polícia da Libéria encarregada de lidar com o surto do ebola entrou em confronto com moradores de um bairro da capital, Monróvia, nesta quarta (20), um dia após a presidente Ellen-Johnson Sirleaf decretar toque de recolher das 21h às 6h e a quarentena de dois bairros.
Tropas cercaram o bairro de West Point com tapumes, cadeiras e arame farpado. Os moradores afirmam que não foram avisados do bloqueio. A favela tem 50 mil moradores e não tem saneamento básico, sendo uma das regiões mais pobres da capital.
Ao tentar sair, residentes forçaram o bloqueio e foram reprimidos pelos policiais com bombas de gás lacrimogêneo e tiros de advertência para o alto. Ao menos quatro pessoas ficaram feridas.
O surto transformou West Point em um foco de tensão. Moradores acusam o governo de mandar pessoas com a doença para um centro de tratamento da região.
No domingo (17), homens armados saquearam um desses locais, causando a fuga de 17 pacientes em quarentena. Os doentes foram encontrados pelas autoridades de saúde um dia depois.
Nas últimas semanas, a epidemia avançou com mais força na Libéria. Segundo balanço divulgado nesta quarta pela OMS (Organização Mundial da Saúde), o país lidera em mortes (576) e casos confirmados (972), seguido pela Guiné (396 mortes e 579 casos) e Serra Leoa (374 mortes e 907 casos). A Nigéria tem quatro mortes e 15 casos.
Mais cedo, porém, o governo nigeriano confirmou uma quinta morte, um paciente que também teve contato com o liberiano que trouxe o vírus à Nigéria. Ao todo, 1.350 pessoas morreram e 2.473 casos foram confirmados.