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Cobertura na África foi marcada por dificuldades

TAÍS HIRATA DA EDITORIA DE TREINAMENTO

Durante dez dias, a maior preocupação da repórter especial Patrícia Campos Mello e do fotógrafo Avener Prado era não tocar em ninguém. Não levar as mãos à boca e calcular cada toque eram orientações seguidas à risca.

O cuidado não era exagerado. Em Serra Leoa, para onde foram, 1.216 casos de ebola foram registrados até o fim de agosto, segundo a OMS.

"A neura da doença era pior do que a situação em si", contou Avener, em seminário sobre a cobertura realizado nesta quinta (4) pelo jornal.

A equipe da Folha foi a única na imprensa brasileira a chegar ao epicentro da doença. Na bolsa, os enviados carregavam luvas, máscara, botas, álcool gel e termômetros. Mediam a temperatura duas vezes por dia.

Nos hospitais de Kailahun e Kenema, a entrada não era permitida. Entrevistas eram feitas por trás de uma cerca.

Antes da viagem, eles tomaram oito vacinas. De volta, passaram dez dias isolados, com acompanhamento de um infectologista.

A iniciativa de ir partiu dos dois. Em junho, Patrícia entrou em contato com o Médicos sem Fronteiras, que atende nas áreas afetadas. Depois, descobriu que Avener também estava interessado.

Patrícia foi questionada sobre a pertinência da viagem. "Aquilo é um povo que Deus esqueceu. Se a gente não escrever sobre isso, ninguém vai prestar atenção", defendeu. Apesar da convicção, Avener disse que a sensação ao retornar é de alívio. "Na hora em que o avião decolou, falei saí, estou vivo'."

Patrícia, que já fez coberturas de risco, como a guerra do Afeganistão, diz que esta foi a mais perigosa. "Você fica paranoico porque não sabe de onde vem a ameaça".

O momento mais tenso foi quando o carro em que viajavam atolou numa região com alta incidência de doentes.

Juntou gente tentando ajudar a empurrar o carro. Patrícia disse que a sensação foi contraditória, já que havia gratidão e ao mesmo tempo medo de que alguém tocasse neles sem querer.


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